Zegna e Dhruv Kapoor encerram a Milano Fashion Week em grande estilo

A Milano Fashion Week terminou na segunda-feira, 17 de junho, em grande estilo e cor, com algumas coleções muito sedutoras para a primavera-verão 2025. Entre elas, a maison de luxo piemontesa Zegna destacou-se no encerramento, com um desfile de grande sucesso num campo de linho reconstruído. No início do dia, o indiano Dhruv Kapoor foi o grande vencedor com uma coleção de estilo oposto, com bordados e cores num espírito lúdico.
 

Para o seu desfile, a Zegna transformou um armazém industrial nos arredores de Milão num imenso campo de linho cor de ferrugem, onde as modelos passearam com facilidade. Ao contrário do verão passado, em junho de 2023, quando o diretor criativo Alessandro Sartori se concentrou principalmente em peças de linho, novamente apresentadas num ambiente rural, desta vez utilizou uma variedade de materiais, incluindo couro e peles em grandes quantidades pela primeira vez, bem como inseriu mais cores e padrões.
 
Com a sua paixão pela pesquisa têxtil e pelas soluções mais funcionais, o designer elevou o guarda-roupa Zegna a um nível ainda mais alto, orquestrando a sua coleção como uma sinfonia, onde todas as nuances cromáticas, materiais, pesos e proporções se conjugam com harmonia e naturalidade. A marca, que até agora redefiniu o guarda-roupa masculino ideal em torno de looks essenciais e monocromáticos, ilumina-se para o próximo verão com uma paleta mais pronunciada (ocre, azul petróleo, borra de vinho), bem como com estampados com motivos de espigas de cores vivas. Uma veia mais italiana também percorre a coleção, com malhas de gola xaile, camisas pijama e malhas abertas, enquanto os fatos casual são combinados com mocassins.

Tudo foi pensado até ao mais ínfimo pormenor e está no ponto certo, como um casaco, ligeiramente encurtado para acentuar uma silhueta longa, os bolsos quadrados posicionados em diferentes locais para acompanhar um gesto e, em última análise, um look e, sobretudo, uma incrível série de calças perfeitas, ajustadas na cintura, que depois adquirem um volume mais flutuante para o máximo conforto, caindo a direito pela perna.

“Esta é uma peça muitas vezes sacrificada no guarda-roupa masculino. Para as calças, fazemos provas de quatro horas para cada modelo. É a única forma de atingir a perfeição da silhueta. Nesta estação, em particular, modelámos cada peça diretamente em vários homens de diferentes idades e morfologias”, explica o criador, sublinhando o importante trabalho realizado sobre a vestibilidade da peça.
 

 
“Quase 500 mãos trabalham em cada peça. O segredo é utilizar o tecido certo para o modelo certo. Alguns materiais só funcionam para determinados modelos. Com a seda, por exemplo, desenhei um fato com um casaco e uma camisa em vez de um casaco clássico para o fazer funcionar”, explica.
 
O visual era simultaneamente descontraído e sensual, com looks personalizados para cada modelo, quer se tratasse de um jovem com um pequeno casaco de camurça e calças de ganga brancas ou de um homem mais maduro, como o ator dinamarquês e novo embaixador da Zegna, Mads Mikkelsen, que encerrou o desfile num conjunto preto com um casaco de cabedal cor de vinho e dois grandes sacos nas mãos. Todos estavam inatamente elegantes, quer vestissem um fato de linho fresco, calças de lona tingidas de novo, calções simples e camisa a condizer com o mesmo estampado, ou um casaco de camurça.
 
As peças em pele, em particular, impressionam pela sua leveza, quase deslizando sobre o corpo. “Há uma tecnologia especial por detrás destas peças. São feitas inteiramente de pele, sem qualquer estrutura no interior. É um processo importante, invisível a olho nu, que desenvolvemos. Atualmente, estamos a trabalhar em peças de um só material, sem misturas nem colas, tendo em vista a reciclagem do futuro. Com exceção das peças de alfaiataria, toda a coleção foi produzida com este conceito de material único”, conclui Alessandro Sartori.

Ver o desfile

 
Uma mudança de estilo para Dhruv Kapoor. Para a coleção do próximo verão, o estilista indiano regressa ao seu passado, como fizeram Luca Magliano e Jonathan Anderson no domingo. A ideia é recuperar as sensações da época, em que pedia emprestado o blazer do pai para parecer mais alto, e confrontá-las com o ambiente jovem de hoje. No centro do palco, inteiramente revestido de vermelho – cor que detestava até há pouco tempo – está um enorme peluche de tecido, uma espécie de coelho, fiel amigo do estilista quando era criança.
 
Estava dado o mote para um guarda-roupa que brincava com as fronteiras entre a juventude e a idade adulta. Os modelos, tanto homens como mulheres, inspiraram-se no guarda-roupa da mãe e do pai, mas também no guarda-roupa dos seus irmãos mais velhos, como sugerem as calças oversized que caíam para revelar as calças, ou as saias que eram claramente alguns números maiores, com a bainha a cair para a frente na cintura.
 
Dhruv Kapoor está a rejuvenescer a mais formal das peças de vestuário tradicionais com novos cortes e construções. O casaco de fato transforma-se numa blusa curta com gola redonda, num casaco bolo adornado com um laço ou num colete drapeado com franjas de contas. O designer decora elegantes fatos de pijama com pequenos coelhos vermelhos, uma clara recordação dos seus pijamas de infância. O peluche é também bordado em peças de ganga, ou em formato gigante e brilhante com lantejoulas num vestido preto.
 
Por outro lado, o jogo consiste em transformar os looks juvenis em algo mais sofisticado. O fato de treino de malha cinzenta clara foi revisitado com calças mais largas e de perna direita de um lado e um capuz transformado em casaco com dragonas removíveis dos anos 80 do outro. Um conjunto de ganga foi inteiramente cosido com mini baguettes brilhantes num padrão de espinha de peixe. Por fim, os estampados divertidos e pop das últimas estações deram lugar a desenhos gráficos mais artísticos.