Thursday, December 19, 2024

Ver futebol na TV em Portugal ficou mais caro. Operadoras muito preocupadas com pirataria

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Os portugueses vão ter de pagar mais esta época para ver futebol pela televisão. Os canais aumentaram os preços das subscrições para 2024/25, desde agosto, algo que poderá afastar ainda mais os portugueses desses produtos.

Quem não quiser perder nada do que se passa no mundo do futebol no geral, terá de desembolsar mais de 67 euros por mês, qualquer coisa como 810 euros por ano para ver desporto pela Sport TV, DAZN e BTV. O valor é ligeiramente inferior para quem tenha a subscrição anual dos pacotes.

De recordar que esta época e até 2027, não há competições europeias de futebol a nível de clubes em sinal aberto, como era hábito. Agora é tudo a pagar, na Sport TV ou DAZN.

Sport TV mais cara e com um novo canal

A Sport TV aumentou a oferta, com a abertura de um novo canal (são agora 8), mas aumentou também o preço do seu principal pacote em cinco euros, passando agora para os 34,99 euros para quem quiser ver todos os canais em HD e a função de Multiscreen. De referir que valor pode variar de operadora para operadora.

Além dos jogos da Primeira Liga, todos com transmissão em direto nos canais Sport TV (excepto os do Benfica na Luz para a I Liga), a estação transmite, em exclusivo, os jogos da Segunda Liga, da Taça de Portugal e da Taça da Liga.

Este ano a Sport TV também transmitirá jogos da Liga dos Campeões, prova que partilha com a DAZN, além de encontros da Liga Europa e Liga Conferência. Também a Liga turca, a Ligue 1 francesa e o Championship inglês passam nos canais da Sport TV.

O novo canal da estação – 7 – será a casa das modalidades. De recordar que a Fórmula 1 é um exclusivo Sport TV até ao final desta época.

DAZN aumentou preço e oferta

A DAZN aumentou o preço da sua subscrição mensal em três euros (22 por cento), passando dos 17,99 para 20,99 euros desde o dia 01 de agosto. Com este pacote é possível ver Champions League, Europa League, Conference League, Women’s Champions League e Youth League, e ainda todos os jogos da Premier League, La Liga e Bundesliga, NFL, WTA Finals, Hóquei em Patins, Fórmula E, Fórmula 1, Liga Endesa de Basquetebol (Espanha) e Liga Nacional de Basquetebol.

O pacote base anual na DAZN, pago ao mês, passou dos 13,99 euros/mês para os 16,99 euros/mês.

Além dessas subscrições, há ainda o Passe total, que custa 20,99 euros por mês. Esta subscrição dá acesso, além de toda a oferta da subscrição base, a mais de 150 combates de boxe e MMA, Red Bull TV ou Rally TV.

A DAZN continua a ser a casa da Liga dos Campeões, mas passa agora a ter jogos da Liga Europa e Liga Conferência em direto, pela primeira vez. Os direitos de transmissão das principais ligas de futebol inglesa, espanhola e alemã continuam na DAZN.

Nos seus canais passam ainda jogos da NFL, WTA, Campeonato Nacional de Hóquei Patins, Liga nacional de basquetebol, A1 Padel, Formula E, além da Fórmula 1 que regressará à DAZN no início de 2025.

A BTV, canal oficial do Sport Lisboa e Benfica que transmite todos os jogos do clube encarnado no Estádio da Luz, foi a única a não aumentar o preço. A subscrição continua 11,49 euros mensais.

Pirataria é flagelo mas faltam meios para ir à luta

Um dos grandes problemas que as operadoras enfrentam é a pirataria online. Muitos adeptos preferem o acesso ilícito a conteúdos desportivos que são transmitidos pelos canais premium, em parte devido aos preços das subscrições.

Em junho de 2024, um estudo do Instituto da Propriedade Intelectual da UE (EUIPO) revelou que cerca de 17% dos cidadãos portugueses acederam ou transmitiram conteúdos de fontes digitais ilegais para ver eventos desportivos, percentagem que sobe para os 34% entre os jovens dos 15 aos 24 anos.

Um problema que não é nacional,  mas sim europeu. O mesmo estudo revelou “tendências significativas” relacionadas com a pirataria ‘online’ de eventos desportivos ao vivo, com 12% do total da população a aceder ou transmitir conteúdos a partir de fontes ilegais ‘online’.

“A Bulgária é o país onde esta prática é mais comum na UE, com 21% do total de inquiridos a admitirem ter utilizado fontes ilegais ‘online’ para assistir a eventos desportivos, seguida da Grécia (20%), da Irlanda (19%), de Espanha (19%) e do Luxemburgo (18%)”, detalha o estudo.

O Instituto da Propriedade Intelectual da UE (EUIPO) estima que a pirataria em todos os meios de comunicação social na UE, abrangendo todos os tipos de conteúdos (incluindo desportivos), gera anualmente 1.000 milhões de euros de receitas ilegais.

Estado português perde 500 a 600 ME por ano devido a pirataria em televisão

Recentemente, numa entrevista ao jornal ABola, Jorge Pavão de Sousa, Diretor-geral da DAZN em Portugal, disse que a pirataria em televisão custa ao estado português entre 500 a 600 milhões de euros anuais, em impostos diretos e indiretos. Esse é o montante, por exemplo, que os clubes espanhóis perdem devido a pirataria, de acordo com Javier Tebas, presidente da LaLiga espanhola.

Na mesma entrevista, o empresário criticou a inércia das autoridades nacionais no combate à pirataria.

Na entrevista, Jorge Pavão de Sousa admitia que nos próximos anos é provável que haja mais gente a recorrer aos acessos ilegais de conteúdos desportivos, em parte devido a legislação atual.

“Portugal é muito ineficiente do ponto de vista do quadro regulatório. Se detetarem que há um português, numa casa, que acede a um IP ilegal num sítio qualquer, em Malta ou no Belize, este não pode ser deitado abaixo de forma legal, tem de ser emitida uma ordem judicial, que tem de chegar ao ISP (fornecedor de internet) e o ISP tem de solicitar alguém que intervenha e o deite abaixo. Quando isto acontece, o jogo já acabou e o produto já foi consumido ilegalmente”, explica, dando um exemplo diferente de eficácia na aplicação da lei.

“No Reino Unido […] o regulador local emite uma ordem imediata para a casa desse cliente, e no dia seguinte, tem uma notificação a dizer que tem de pagar 250 libras porque foi detetado a consumir um IP ilegal. Na segunda vez o valor passa para 750 e na terceira sobre para 2500 a que se junta uma ação criminal. A pessoa, quando paga a segunda ou a terceira, nunca mais na vida quer aceder ilegalmente”, detalhou, na entrevista ao jornal ABola.

Para ilustrar o fenómeno de acessos ilegais a conteúdos desportivos online, o Diretor-geral da DAZN deu o exemplo de jogos do Benfica na Champions, que chegam a ter 600 a 700 mil acessos ilegais com IP’s no estrangeiro durante a transmissão.

A descentralização da oferta de conteúdo desportivo premium também não ajuda no combate à pirataria. Quem quiser ver desporto pela TV tem de subscrever três serviços diferentes. Muitos adeptos preferem recorrer às IPTV’s (transmissão de sinais televisivos através de redes IP), onde pagam uma subscrição anual para ver todo o desporto do mundo, a um preço muito mais barato que a praticado pelas operadoras.

Em França, por exemplo, o Le Havre 1-4 PSG, que abriu o campeonato 2024/25, foi visto por mais de 200 mil pessoas em direto no Telegram. São mais de 200 mil pessoas que se recusam a pagar uma mensalidade para ver a Ligue 1. Estima-se que mais de dois milhões de pessoas usam IPTV em França para aceder a conteúdos desportivos.

Esta época, quem quiser ver futebol em França terá de pagar mais de 90 euros em subscrições de canais (Tele +, Bein, RMCsport), sem contar com os custos de internet, que podem ascender aos 50 euros.

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