A deteção e caracterização de outras Terras – planetas com condições físicas para conter água líquida e, portanto, potenciais ambientes de vida -, é um objetivo arrojado da astrofísica atual. Este objetivo é, no entanto, severamente desafiado pelo “ruído” astrofísico das estrelas hospedeiras. De um modo geral, os métodos existentes para resolver este problema têm-se revelado insuficientes para atingir os níveis de precisão necessários.
Assim, e de acordo com o site Portugal Business News, um telescópio solar português promete ajudar a encontrar as tão procuradas Exo-Terras, ou seja, planetas fora do nosso Sistema Solar, com características idênticas às do planeta Terra, ultrapassando o ruído solar, segundo o Instituto Português de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA).
O inovador telescópio português PoET, ajudará a encontrar Exo-Terras, abordando o problema do ruído estelar de um novo ângulo que permitirá ultrapassar os desafios da atividade estelar. O ruído solar, que é causado pela radiação do Sol devido à sua elevada temperatura, limita muito a procura e a caracterização de outras Terras no Universo.
A procura de Exo-Terras
Desta forma, o Centro Português de Astrofísica desenvolveu o inovador projeto FIERCE (FInding Exo-eaRths), financiado pelo Conselho Europeu de Investigação (ERC) e que envolve o desenvolvimento e instalação do Telescópio Expresso Solar do Paranal, que será operado remotamente.
O telescópio português pioneiro fará avançar a planetologia comparativa para além do Sistema Solar, identificando exoplanetas potencialmente habitáveis em órbita de outras estrelas. Atualmente, dos cerca de 5.000 planetas conhecidos, apenas 5% são potencialmente semelhantes à Terra em termos de massa e distância orbital.
O Paranal Solar Espresso Telescope (PoET) está a ser inteiramente desenvolvido em Portugal, tanto a nível de hardware como de software, e será cientificamente liderado pelo Instituto Português de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA). Este é um marco importante que nos permitirá observar o Sol e injetar a sua luz no espetrógrafo ESPRESSO 3 do Observatório Europeu do Sul (ESO) que já foi parcialmente desenvolvido pelo Instituto Português de Astrofísica (IA).
Este telescópio pode dar-nos insights únicos acerca da estrela no centro do Sistema Solar.
O telescópio português poderá em breve dar-nos acesso a dados únicos sobre a estrela no centro do Sistema Solar que nenhum outro telescópio no mundo pode obter.
Os resultados do projeto FIERCE serão essenciais para o sucesso de futuros instrumentos e missões espaciais com forte envolvimento português, que visam detetar e caraterizar outras Terras, como as missões espaciais PLATO e ARIEL da ESA, cujo lançamento está previsto para 2026 e 2029 respetivamente, e o espetrógrafo ANDES, cuja entrada em funcionamento está prevista para o início da década de 2030, quando for instalado no maior telescópio de nova geração do ESO, o ELT.