Portugal é o segundo país europeu em que os turistas têm estadias mais prolongadas. O número de dias passados em Portugal passou de 3,5 dias em fevereiro de 2020 (antes da pandemia), para 6,1 dias em março de 2024.
Os dados são do último relatório global “Travel Trends 2024” do Mastercard Economics Institute (MEI), que apresenta uma análise do setor em 74 mercados, com base em dados exclusivos de transações, agregados e anonimizados, incluindo do Mastercard SpendingPulse.
No Top 5 do número médio de estadias, em março de 2024, estão ainda a Grécia (6,8), no 1.º lugar, a Espanha no 3.º lugar (6), seguida da Croácia (5,8) e do Reino Unido (5,6).
Portugal é também um dos países onde o tráfego aéreo mais cresceu, comparativamente com 2019 (8%), ocupando o 3.º lugar do ranking europeu, à frente de países como Espanha (6,6%), e o 8.º lugar do ranking global, à frente de países como França (26.º), Itália (29.ª) ou Alemanha (35.º). Curiosamente o país ocupa ainda o 8.º lugar no Top 10 dos países que mais contribuíram para a recuperação do tráfego aéreo para os Estados Unidos, a seguir à Alemanha e à Irlanda.
Lisboa continua a ser a cidade preferida
O estudo analisou, ainda, as principais tendências de procura de destinos para o período entre junho e agosto deste ano de 2024. No caso de Portugal, Lisboa tem a preferência de espanhóis (158%), franceses (73%) e britânicos (63%). Faro também tem a preferência de espanhóis (53%) e o Porto é o principal destino para suíços e britânicos. Nas ilhas, o Funchal é mais procurado na Alemanha (53%) e Suíça (38%) e Ponta Delgada no Canadá (42%).
No Top 5 dos principais destinos procurados pelos portugueses para o mesmo período, surge Genebra, no primeiro lugar, seguido de Nice, Ibiza, Munique e Zurique, apesar da lista mais alargada incluir outros destinos como Menorca, Milão, Viena, Lyon e Málaga.
“As principais conclusões apontam para uma recuperação recorde do setor das viagens em 2024, apesar das oscilações das taxas de câmbio e das diferenças em termos do poder de compra, demonstrando que o desejo de viajar mantém-se mais forte do que nunca”, revela o estudo.
“De facto, durante os primeiros meses de 2024, o setor das viagens cresceu globalmente de forma assinalável com as companhias aéreas e os cruzeiros a registarem níveis recorde de utilização”, avança ainda o Travel Trends 2024” do Mastercard Economics Institute. Por outro lado, além deste nível recorde, verifica-se segundo os dados analisados pelo estudo, que os viajantes estão a prolongar as suas estadias por mais um dia em comparação com o período pré-pandemia.
Para além destes recordes, na Europa, na última década, verifica-se, ainda, que os turistas têm vindo a alterar as suas estadias dos meses de época alta (julho-agosto) para os meses de estações intermédias. Entre os países com a maior mudança em relação aos meses de pico do verão, estão a Croácia, Grécia, Portugal e a Itália. Mas mesmo nos países nórdicos, como a Dinamarca, a Suécia, a Finlândia e Países Baixos, a tendência é similar.
Isto sugere que não são apenas os verões mais quentes que estão a impulsionar esta mudança, mas também duas grandes alterações demográficas: por um lado mais reformados (livres de obrigações de trabalho) e, por outro, mais agregados familiares sem filhos (livres de calendários escolares).
O impacto dos EUA
O estudo da Mastercard conclui, ainda, que 2023 foi um “marco importante” para o turismo europeu, assinalando o ano em que foi alcançada uma recuperação total do número de dormidas, com 2,91 mil milhões de dormidas, em 2023, contra 2,88 mil milhões em 2019. O relatório da Mastercard também destaca o aumento significativo das chegadas de turistas dos EUA como um motor desta melhoria dos números. Por exemplo, as estatísticas oficiais mostram que a percentagem de viajantes provenientes desse país para Portugal cresceu de 6% para 9%; em Espanha aumentou de 4%, em 2019, para 5%, em 2023; e no Reino Unido de 13% para 16%. Já o aumento dos gastos no setor das viagens não é apenas resultado da inflação, mas também “do maior dinamismo económico, alimentado por um mercado de trabalho estável e por um desejo mais forte de viajar”.
A tendência demonstra que a procura pelos destinos de praia mais frequentados como a Grécia, Portugal e Espanha permanece estável, com estes países a registarem também um forte crescimento das viagens fora dos meses de pico do verão.
Experiências que contam
Ainda segundo o MEI Travel Report, os consumidores continuam a privilegiar os gastos com experiências em detrimento dos gastos com bens materiais, mesmo quando viajam. Os gastos com experiências totalizam agora 12% das vendas de turismo, de acordo com a SpendingPulse Destinations, que analisa as vendas no retalho em lojas físicas e online nas diversas todas as formas de pagamento – e que apresentou o pico mais alto em pelo menos cinco anos. Na posição cimeira estão os australianos que tendem a gastar um em cada cinco dólares em experiências e vida noturna em comparação com a média global, que está mais próxima de gastar um em cada 10 dólares.
Embora o Japão tenha sido o líder global dos principais destinos nos últimos 12 meses, Munique é o destino mais popular para este verão, motivado, em parte, por eventos desportivos que vão acontecer nesta altura (junho-agosto de 2024). De acordo com o Mastercard Economics Institute, a Albânia ocupa o terceiro lugar na lista dos destinos mais populares neste verão, sobretudo devido ao aumento de viajantes experientes que procuram atmosferas autênticas similares à vizinha Itália e Croácia, mas por menos dinheiro.
Nos cruzeiros, o estudo indica, igualmente, um regresso de uma forma notável com as transações globais de passageiros de cruzeiros a situarem-se cerca de 16% acima dos níveis de 2019 no primeiro trimestre. O aumento de procura por este segmento também é observado nos principais portos. Por exemplo, nos últimos 12 meses, as Bahamas receberam mais 2,9 milhões de passageiros que chegaram por mar, comparativamente com os níveis de 2019. Para muitos viajantes, a crescente diferença entre os preços de cruzeiros e hotéis, tem vindo a tornar os cruzeiros numa opção de viagem mais económica.
Para Natalia Lechmanova, Chief Economist Europe, Middle East & Africa, Mastercard Economics Institute, “a resiliência e adaptabilidade do setor das viagens, aliadas à procura persistente dos consumidores, traduziram-se numa forte recuperação do turismo”.
A responsável acrescenta ainda que “tal como acontece ao nível doméstico, os viajantes estão a privilegiar as experiências em vez de bens, também no exterior. Apesar disso, são cada vez mais exigentes e, por isso, escolhem destinos que lhes oferecem valor e autenticidade. Esta experiência permite-lhes fazer render os seus orçamentos de modo a prolongarem as suas estadias e poderem desfrutar ao máximo das experiências e maravilhas de cada destino”.