Publicado em
20 de out. de 2023
Foi na noite de sábado, 14 de outubro, que o Portugal Fashion fechou as portas do Museu do Carro Elétrico, localizado na marginal portuense, após encenar até altas horas um último desfile que levou a assinatura de Alexandra Oliveira da marca Pé de Chumbo de Guimarães. Mas, a noite começou muito antes, com a Davii do brasileiro Fabiano Fernandez dos Santos (ou Davi, como prefere), seguida da jamaicana Keneea Linton e da Nopin pela portuguesa Catarina Pinto de Fânzeres, Gondomar.
Davii: uma leveza élfica
Pelas 20 horas, a Davii entrou em cena com as suas divas belas e esvoaçantes como elfos. A marca portuguesa Davii do brasileiro Davi já nos habituou a esta sua leveza e singularidade conseguidas principalmente com tecidos fluidos e seda, assim como pelo design fluído de peças atemporais que exibem longas caudas e véus, com cortes precisos a revelar o essencial da pele da mulher.
Desta vez mais geométricas e recorrendo a malhas metálicas que evocam uma legião de guerreiras, no caso imaginárias amazonas, o dia dá lugar à noite em silhuetas hiperfemininas que “são a identidade da nova estação”, como se pode ler nas notas do programa, mais salientando a inspiração ‘space_age’ e a utilização alternada da organza, Neoprene e tecidos experimentais no DNA da marca.
“Os vestidos de dia e de noite contaminam-se entre si, misturando realidades distintas e opostas, toda a coleção abraça polaridades inesperadas, cruzando assim novas visões e realidades diferentes.”
O couturier aposta neste tipo de beleza etérea e dominadora, assim como no savoir-faire do “feito à mão”, que funde nas suas criações únicas, combinando a alta costura com um estilo mais casual possível de usar em ocasiões normais e menos palacianas.
Para além da moda, Davi insurge-se na arte através do trabalho em parceria com a artista italiana Milena Altini, criando instalações que combinam moda e escultura – uma atividade que influencia a sua obra vestível feita de contrastes entre o passado e o futuro. “Por enquanto não estou a fazer essa colaboração, somos amigos”, frisa Davi à FashionNetwork.com.
Definitivamente, um nome que merece pisar a passerelle de Paris.
Keneea Linton ao estilo caribenho
“Nascida e criada na vibrante ilha da Jamaica, Keneea Linton encarna a essência do estilo caribenho, misturando na perfeição a sua estética tropical chique com a moda contemporânea”, lembra o Portugal Fashion sobre a marca homónima assinalada com o slogan “Powered by Canex”.
A marca de pronto-a-vestir jamaicana, especializada em vestuário formal, de cocktail e de resort, celebra o empoderamento da mulher fundindo “exuberância tropical e glamour sofisticado”.
Comprometida com a sustentabilidade, Keneea Linton aposta em tecidos ecológicos e métodos de produção éticos. O desfile no Portugal Fashion marca também a continuidade na projeção e expansão da sua linha de vestuário.
Licenciada em Filosofia e Relações Internacionais pela University of the West Indies, na Jamaica, Keneea tornou-se diretora de Marketing na RE TV, foi coproprietária e produtora da série de TV College Lifestyle e editora de moda da College Lifestyle Magazine.
Keneea Linton é uma personalidade muito ativa especialmente na terra natal. Preocupa-se com o avanço da indústria da moda jamaicana, atuando como diretora de Marketing do Cluster de Moda e Vestuário da Jamaica, financiado pelo governo jamaicano e pela União Europeia.
É também fundadora da The Designers Guild, uma organização sem fins lucrativos que visa tornar a indústria da moda local mais competitiva globalmente. CEO do KTL Group Limited, bem como apresentadora e produtora executiva do Mission Catwalk, um reality show que visa descobrir designers de moda talentosos de todo o Caribe, confirma o site da marca, em Keneealinton.com.
Nopin num mar de inspiração
A nova coleção “Sea Charm” da Nopin assinada por Catarina Pinto, que tomou as rédeas da marca fundada pelos pais, Paula e Alfredo Pinto, glorifica o mar e as suas tradições, alertando para o panorama atual.
Assim sendo, surgem “as redes de algodão orgânico feitas em tear; no reflexo da luz solar no mar que é possível visualizar no foil transparente aplicado na ganga orgânica e em redes orgânicas; as rendas recicladas representam a tradição e o sofrimento feminino; o padrão criado com o logótipo e representado nos recortes a laser realça o perigo e a dor; riscas assimétricas mostram a rebeldia do mar; o tule fluido com tiras em renda com formato de ondas objetiva a palavra mar; os fechos em formato gigante caracterizam a superação dos obstáculos”, dizem-nos as notas do programa.
A própria paleta de cores acompanha as vontades das marés ora azuis celestes transparentes ora mais escuros e bravios como o negro brilhante das mulheres de pescadores e do fado.
É claro que não faltam cores solares pontuadas em looks predominantemente tintados a vermelho ou amarelo desmaiado como maresia ou neblina. Uma inspiração bem portuguesa que destaca matérias-primas artesanais cujo toque suave se sente à distância de um olhar, como magia.
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