Wednesday, December 25, 2024

Navio de pavilhão português atingido por ‘drone’ no mar Arábico

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Um navio porta-contentores de bandeira portuguesa foi atacado por um ‘drone’ nos confins do mar Arábico, o que corresponde a uma reivindicação dos rebeldes iemenitas Huthis de que atacaram o navio nesse local, indicaram na terça-feira as autoridades.

O ataque ao MSC Orion, que ocorreu na passada sexta-feira, a cerca de 600 quilómetros da costa do Iémen, parece ter sido o primeiro confirmado em alto mar reivindicado pelos Huthis desde que começaram a atacar navios, em novembro passado.

Tal sugere que os Huthis – ou potencialmente o seu principal aliado, o Irão – podem ter capacidade para atacar a grandes distâncias no Oceano Índico, como já tinham ameaçado, na sua ofensiva contra a guerra de Israel ao movimento islamita palestiniano Hamas na Faixa de Gaza, em curso desde outubro de 2023.

Segundo o Centro de Informação Marítima, que opera como parte das Forças Marítimas Conjuntas lideradas pelos Estados Unidos no Médio Oriente, após o ataque ao porta-contentores, a tripulação encontrou a bordo restos do que parecia um ‘drone’ (aeronave não-tripulada).

Tripulantes ilesos

O navio “sofreu apenas danos ligeiros e toda a tripulação a bordo está ilesa”, indicou o centro.

Dados de satélite de rastreamento de navios analisados pela agência de notícias norte-americana Associated Press (AP) situam o navio porta-contentores de pavilhão português, com destino a Salalah, Omã, na área do ataque no sábado.

O MSC Orion está associado à Zodiac Maritime, com sede em Londres, que faz parte do Grupo Zodiac, do multimilionário israelita Eyal Ofer.

Estava a operar em nome da Mediterranean Shipping Co. (MSC), uma empresa sediada em Nápoles, Itália. A Zodiac remeteu quaisquer esclarecimentos para a MSC, que hoje não respondeu a um pedido de comentário.

O Centro Conjunto de Informação Marítima considerou que “o MSC Orion foi provavelmente atacado devido à [sua] patente ligação israelita”, afirmou, num relatório.

Rebeldes Huthis do Iémen reivindicaram ataque

O porta-voz militar dos rebeldes Huthis do Iémen, o brigadeiro Yahya Saree, reivindicou esta terça-feira o ataque ao Orion, mas não explicou porque é que os rebeldes demoraram quatro dias a assumir a autoria do ataque.

Este levantou imediatamente questões sobre como os Huthis poderiam ter realizado um ataque a centenas de quilómetros da costa do Iémen contra um alvo em movimento.

Até agora, a sua principal área de ataque tem sido o mar Vermelho, o golfo de Aden e o estreito de Bab el-Mandeb, que ligam as duas vias navegáveis fundamentais para o comércio internacional. Estas áreas são próximas da costa do Iémen, ao contrário do local do ataque do MSC Orion.

Tanto quanto se sabe, os Huthis não possuem uma frota naval expedicionária, nem têm acesso a satélites ou outros meios sofisticados de controlo de ‘drones’ de longo alcance.

O Irão, que tem fornecido os rebeldes xiitas na guerra civil em curso desde 2014 no Iémen, foi considerado pelo Ocidente e por especialistas como estando por detrás de pelo menos um ataque complexo reivindicado pelos Huthis: o ataque de 2019 aos campos de petróleo da Arábia Saudita que reduziu temporariamente para metade a produção de energia do reino.

A República Islâmica também opera regularmente navios militares no mar Arábico e tinha acabado de apreender o MSC Aries, de pavilhão português, e a sua tripulação pouco antes de realizar um ataque sem precedentes a Israel, com ‘drones’ e mísseis, a 13 de abril.

Pressionar Israel a pôr fim à guerra contra o Hamas

A comunicação social estatal iraniana noticiou uniformemente a reivindicação dos Huthis da autoria do ataque ao Orion, e a missão do Irão junto das Nações Unidas não respondeu a um pedido de comentário da AP.

Os Huthis afirmam que os seus ataques à navegação no mar Vermelho e no golfo de Aden têm como objetivo pressionar Israel a pôr fim à sua guerra contra o Hamas em Gaza, que já matou mais de 34.000 palestinianos – uma guerra iniciada em retaliação contra um ataque do Hamas a território israelita que fez, a 07 de outubro do ano passado, 1.163 mortos, na maioria civis, e cerca de 250 reféns, mais de 100 dos quais se encontram ainda em cativeiro.

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Desde novembro, os Huthis lançaram mais de 50 ataques à navegação, apresaram um navio e afundaram outro, segundo a Administração Marítima dos Estados Unidos, fazendo com que a navegação no mar Vermelho e no golfo de Aden diminuísse devido à ameaça.

Os ataques dos Huthis diminuíram nas últimas semanas, porque estes têm sido alvo de uma ofensiva aérea liderada pelos Estados Unidos no Iémen, mas os rebeldes retomaram-nos na semana passada.

No sábado, também afirmaram ter abatido mais um ‘drone’ MQ-9 Reaper das Forças Armadas norte-americanas, divulgando imagens de peças semelhantes a partes conhecidas do avião não-tripulado. O Exército norte-americano reconheceu que o ‘drone’ se despenhou, mas disse que estava a decorrer uma investigação.

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