O chefe de Estado português, Marcelo Rebelo de Sousa, recebeu hoje de manhã o Presidente da República das Maurícias, Prithvirajsing Roopun, no Palácio de Belém, em Lisboa, no início da sua visita de Estado de dois dias a Portugal, que considerou ser “um momento histórico”.
“Esta visita traz consigo novas e significativas oportunidades no plano bilateral e multilateral”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações conjuntas perante a comunicação social, na Sala das Bicas do Palácio de Belém, sem direito a perguntas por parte dos jornalistas.
“Concordámos em reforçar e consolidar as nossas relações bilaterais. E discutimos como nós, sendo países menores, podemos juntar-nos e contribuir para o desenvolvimento económico não só dos nossos dois países, mas do continente africano”, declarou Prithvirajsing Roopun, a seguir.
O Presidente português destacou o empenho conjunto dos dois países “na luta dos oceanos”, no plano multilateral, em particular no quadro das Nações Unidas.
“É uma luta importante para os dois países: preservar, proteger, garantir a biodiversidade. Garantir também a ratificação, necessária para ser aplicado, do Tratado sobre o Alto Mar”, disse Marcelo Rebelo de Sousa.
Na sua opinião, deve haver maior ligação entre a Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (Cop) e o tema da proteção dos oceanos: “Têm andado paralelamente, mas sem conjugação”.
O chefe de Estado português salientou que Portugal “é o país da Europa com maior jurisdição nos mares”, acrescentando: “Isso é um tema que nos pode aproximar, quem sabe se não pode convencer as Maurícias a apoiar a nossa candidatura ao Conselho de Segurança das Nações Unidas em 2027-28”
Marcelo Rebelo de Sousa mencionou que “as Maurícias são membro associado da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e, como observador da CPLP estão particularmente interessados, por exemplo, na língua portuguesa”, dada a vizinhança entre este país insular, situado no Oceano Índico, e Moçambique.
Segundo o Presidente português, as Maurícias poderiam vir a ter “como terceira língua importante a portuguesa” e, “naturalmente, Portugal está muito empenhado nesse desenvolvimento”.
No plano bilateral, apontou a energia, o digital e o turismo como outros setores em que a cooperação pode “ir mais longe”, e concluiu: “Há um mundo de realidades económicas a desenvolver entre os dois”.
Por sua vez, o Presidente da República das Maurícias, que falou em inglês, referiu a proteção do ambiente, as energias renováveis, o turismo, mas também a cultura como áreas em que os dois países podem “partilhar experiências”, num “novo capítulo” das suas relações.
Prithvirajsing Roopun manifestou-se convicto de que este “é apenas o começo de uma nova colaboração”, que “dará muitos frutos”.
Marcelo Rebelo de Sousa realçou que Portugal e as ilhas Maurícias têm “um relacionamento humano tão antigo, que há palavras de influência portuguesa que ainda hoje são usadas” naquele país insular, que se tornou independente do Reino Unido em 1968.
Hoje, o chefe de Estado português irá oferecer um jantar em honra do Presidente da República das Maurícias, no Palácio da Cidadela, em Cascais.
Na terça-feira, Prithvirajsing Roopun será recebido na Assembleia da República e na Câmara Municipal de Lisboa e tem também previsto um almoço oferecido pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, em representação do primeiro-ministro, no Palácio das Necessidades.
O programa da sua visita de Estado termina com a participação no Fórum Euro-África, uma iniciativa da associação Conselho da Diáspora Portuguesa, em que terá uma conversa com Marcelo Rebelo de Sousa, na terça-feira à tarde.
[Notícia atualizada às 16h05]
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