Milano Fashion Week abre com coleções leves da Fiorucci e da Fendi

A primavera-verão 2025 promete ser quente e sensual. E as marcas Fiorucci e Fendi estão lá para o provar. A Fiorucci abriu a Milano Fashion Week com uma coleção delicada e com toques de humor. A Fiorucci, que subiu à passerelle logo a seguir, adotou o mesmo espírito altamente feminino da lingerie. A Fendi celebrou o seu centenário com uma coleção de grande sucesso de Kim Jones.

Na terça-feira, a Fiorucci realizou o primeiro desfile de moda da sua história. Foi realizado fora do calendário oficial, na Trienal de Milão, na presença do arquiteto Stefano Boeri, presidente deste museu de design, que a partir de novembro dedicará uma grande retrospetiva ao fundador da marca, Elio Fiorucci. Adquirida em outubro de 2022 pela empresária suíça Dona Bertarelli, através do seu gabinete familiar, a marca está em pleno relançamento, reposicionando-se no segmento do luxo acessível com produtos fabricados em Itália.

Para assinalar a ocasião, a icónica marca italiana revelou o seu novo rumo sob a égide da diretora criativa Francesca Murri. Esta deu à Fiorucci um toque mais feminino e sofisticado, jogando com os códigos da marca, como se pode ver num look em que os clássicos mini shorts de ganga da maison são usados sob uma túnica transparente bordada com flores e um coração em cada peito.

Simbolicamente, a estilista escolheu o tema do despertar, para ancorar a marca no presente e sob a sua nova face após anos de flutuação. O acesso à passerelle faz-se através de um túnel azulado cheio de almofadas. Um velho rádio / relógio dá as notícias. Despertadas do sono, com os sonhos já distantes, as modelos desgrenhadas apresentam-se em trajes improvisados, escolhidos ao acaso nos seus guarda-roupas.

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As mulheres e os homens usam invariavelmente as roupas uns dos outros. Ela usa um fato. Ele combina uma camisola com umas bermudas, por vezes com uns calções de avó rendados, com umas sabrinas brilhantes e umas meias até ao joelho. Todas de branco, ou em tons pastel que vão do rosa bebé e do azul ao lilás, parecem ter acordado dos seus sonhos, com chinelos e calças de pijama em imitação de cetim, ou com vestidos que parecem camisolas, com o saco do lixo preto na mão para deitar fora… De facto, um novo modelo de mala Fiorucci que deve agradar às vítimas da moda.

Blusas, T-shirts, grandes saias e vestidos de alças finas são cortados em Tyvek. Um tecido dos arquivos, que se assemelha a um papel macio e amassado e que é normalmente utilizado em macacões de laboratório. Um dos vestidos é decorado com querubins a céu aberto, uma clara referência aos anjos da Fiorucci. Outros conjuntos ostentam grandes números em turquesa: 1967. O ano de fundação da maison.

Sem citar literalmente Elio Fiorucci, Francesca Murri prefere apropriar-se do seu estilo irónico através de criações novas e fora do comum, como uns casacos de malha bicolor que podem ser completamente desabotoados à frente e atrás, para poderem ser recompostos ad infinitum, Ou um top e uma saia feitos a partir de uma longa madeixa de cabelo louro, ou um vestido T-shirt em forma de saco de plástico feito de seda brilhante que recria perfeitamente a ilusão deste material revestido a plástico no qual se pode ler “Fiorucci Cash & Carry”. E não esqueçamos as pantufas tricotadas à mão, habitualmente colocadas debaixo dos cobertores nas noites frias.

Espírito Boudoir na Fendi

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Na Fendi, encontramos a mesma feminilidade sensual e o mesmo toque de boudoir em tons de pó e tons de pele, acentuados por roupas evanescentes com movimentos fluidos e acariciantes. Com esta coleção de aniversário, concebida para o próximo verão e apropriadamente intitulada “Dal 1925” (desde 1925, data de fundação da maison de moda romana), o diretor criativo Kim Jones parece particularmente inspirado, conseguindo recriar, através de cerca de 40 looks, o fio invisível entre os muito chiques anos 20 e o luxo sussurrado de hoje.

Equilibra delicadamente as peças mais simples com as criações mais preciosas, criando um guarda-roupa único e sobriamente sofisticado. A narrativa é sublinhada pelas vozes de Anna e Silvia Fendi, respetivamente filha e neta de Adele Fendi, a fundadora da maison de moda romana.

“Gostava de se aproximar o mais possível da beleza”, recorda Anna, como que ecoando o desfile, enquanto as modelos, com os seus looks naturais e desgrenhados, percorrem um imenso espaço branco, acompanhadas ao piano pelas notas delicadas do compositor alemão neoclássico Max Richter. A coleção era uma mistura de roupa para o dia e para a noite, dividida entre os básicos do dia a dia, como tops, T-shirts, casacos de fato, saias lápis, gabardinas e malhas, e peças de seda e organza ricamente adornadas que podiam ser combinadas em camadas ou misturadas com o conjunto.

O estilista brincou com sobreposições, colocando túnicas de tule transparente bordadas à mão com desenhos Art Déco ou pequenas flores e folhas em pérolas, lantejoulas e prata, sobre lingerie sensata, ou uma saia de avental preta sobre um vestido de seda branca com estampados finos. Também coloca casacos compridos ou blusões por cima de microconjuntos de malha (culotte curta com camisola ou casaco de malha). Este look natural e sem esforço é realçado pela escolha de sapatos confortáveis com cordões para caminhar.

Kim Jones adora prestar atenção aos pormenores, especialmente nos seus modelos. Como no vestido-camisola, que se transforma nas costas numa camisa clássica encostada a um vestido, ou na camisola de alças virada do avesso, com as alças a caírem sobre as pernas, que se transforma numa saia. Noutros casos, uma camisa é franzida nas costas e presa com um cinto, como um casaco, enquanto um casaco de veludo texturado com mangas de quimono, preso na cintura com um cinto de fita, parece um roupão de banho.