A Comissão Europeia divulgou recentemente os dados do Eurobarómetro do Desporto e Atividade Física, um relatório que traça um retrato dos hábitos da prática de exercício físico na União Europeia (UE). Em Portugal, são 73% os inquiridos que indicam nunca fazer exercício ou praticar desporto, um valor acima da média da União Europeia (45%). Esta percentagem representa um aumento de 5% no número de pessoas que nunca fazem exercício face à última vez que o estudo foi publicado, em 2017.
Em Portugal, apenas 4% dos inquiridos dizem fazer desporto “regularmente”, 18% fazem “com alguma regularidade” e 5% confessam que “raramente” o fazem.
O estudo agora divulgado, e que ouviu 26 580 pessoas em toda a União Europeia e 1006 em Portugal, entre abril e maio deste ano, mostra que as mulheres são mais sedentárias do que os homens, com 80% a revelarem que nunca ou que raramente fazem desporto ou qualquer tipo de atividade física. No caso dos homens, esta percentagem cai para 75%.
Portugueses passam muitas horas sentados
De acordo com os dados, existem ainda muitos portugueses (47%) que passam entre 2 horas e 31 minutos a 5 horas e 30 minutos de um dia normal sentados, uma percentagem superior à média da União Europeia (43%). Contudo, este foi o único intervalo temporal analisado cuja variação percentual aumentou face a 2017. A percentagem referente aos restantes intervalos, inclusive os maiores, diminuiu comparativamente à última vez em que a Comissão Europeia fez este estudo. Em 2022, 20% dos inquiridos indicaram que chegam a passar entre 5 horas e 31 minutos a 8 horas e 30 minutos sentados. A média da União Europeia é de 28 por cento. Há ainda 9% dos inquiridos que passam entre 8 horas e 31 minutos ou mais sentados, menos do que a média da União Europeia (11 por cento).
A covid-19 também deverá ter contribuído para esta tendência. Segundo o estudo, durante a pandemia, 41% dos portugueses que já praticavam alguma atividade física continuaram a ser fisicamente ativos, mas com menos frequência. Apenas 22% indicam ter-se mantido tão ativos como antes da pandemia. Já 19% deixaram de praticar atividade física. Além disso, entre os inquiridos que optam por praticar algum tipo de atividade física diária, são 48% os que fazem uma atividade física vigorosa durante 60 minutos ou menos. Apenas 23% vão além desse tempo e praticam uma atividade física vigorosa entre 61 minutos e 120 minutos. A grande maioria (60%) opta por fazer uma atividade física moderada durante 60 minutos ou menos e 17% praticam uma atividade física moderada entre 61 minutos e 120 minutos.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) defende que praticar qualquer quantidade de atividade física é melhor do que não praticar nenhuma. Já para obter ganhos para a saúde e o bem-estar, a OMS recomenda que todos os adultos pratiquem pelo menos 150 a 300 minutos de atividade física de moderada intensidade por semana (ou atividade física vigorosa equivalente). Lançado em 2021, o FitMap, uma plataforma da DECO PROTESTE, ajuda a encontrar os melhores locais para treinar várias modalidades ao ar livre. A plataforma oferece informação sobre exercícios que podem ser seguidos por qualquer atleta, desde os menos ativos àqueles que não dispensam um treino diário. Além disso, o FitMap partilha dicas sobre alimentação e bem-estar para que os utilizadores possam treinar em segurança e adotar um estilo de vida mais saudável.
52% dos portugueses preferem fazer exercício físico ao ar livre
O inquérito revela que o local preferido dos portugueses para praticar desporto é ao ar livre, num parque, com 52% a afirmarem que este é o local escolhido para a sua atividade física regular. 30% escolhem ainda o ginásio e 26% dizem que as deslocações entre casa, a escola, o trabalho ou as lojas são a sua atividade física. Há ainda quem pratique desporto no trabalho (5%) ou na escola ou na universidade (11 cento).
O motivo apontado para a prática de exercício físico é, sobretudo, melhorar a saúde (49%). Contudo, há ainda quem pretenda relaxar (46%), melhorar a preparação física (34%), melhorar o desempenho físico (27%), controlar o peso (27%), melhorar o aspeto físico (26 por cento) ou divertir-se (22%).
Por outro lado, entre aqueles que referem que não conseguem praticar desporto de uma forma mais regular, apontam-se razões como falta de tempo (44%), falta de motivação ou interesse (29%), a falta de interesse por atividades competitivas (12%), deficiência ou doença (11%), medo do risco de lesão (10%) ou custo, por considerarem caro (8 por cento).