Thursday, September 19, 2024

Los Angeles-1984: Sem Bloco de Leste, Portugal é de ouro e Lewis consegue poker | Flashscore.pt

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Portugal conquistou em Los Angeles-1984 a sua primeira medalha de ouro, por Carlos Lopes, com Carl Lewis a ser uma das grandes estrelas nuns Jogos Olímpicos sem o Bloco de Leste, que boicotou a presença nos Estados Unidos.

Depois de, quatro anos antes, os Estados Unidos terem boicotado Moscovo-1980, o Bloco de Leste também não viajou para a Califórnia, com exceção da Roménia, de onde veio, a par de Carl Lewis, uma das grandes figuras do evento: a ginasta Ecaterina Szabo.

Apesar do boicote soviético, 140 países participaram nos Jogos de 1984, um recorde até à altura, sendo que os 14 que não participaram tinham conquistado 58% das medalhas em Moscovo.

A receber os Jogos pela segunda vez, depois de 1932, Los Angeles, que foi a única candidata, acolheu a primeira edição comercial, construída sem qualquer ajuda estatal e com três dezenas de patrocinadores a darem o encaixe financeiro para erguer o evento.

Com a ABC a pagar uma fortuna pelos direitos televisivos, o mundo viu em horário nobre a exibição de Carl Lewis, que imitou Jesse Owens (Berlim-1936) e conquistou a medalha de ouro nos 100, 200, 4×100 metros e no salto em comprimento.

Sem os grandes atletas do Leste europeu, os Jogos de Los Angeles tiveram um esperado domínio dos Estados Unidos, seguidos de muito longe pela Roménia, muito apoiada pelo público, por ter furado o boicote.

Também a China decidiu não seguir a iniciativa da União Soviética e alcançou um excelente quarto lugar (atrás da República Federal da Alemanha), na sua reaparição em Jogos Olímpicos, após uma ausência de 36 anos.

Se as primeiras quatro de nove medalhas olímpicas de Carl Lewis monopolizaram a atenção dos adeptos da casa, foi Ecaterina Szabo a mais medalhada em Los Angeles, com quatro ouros e uma prata.

Szabo acabou por perder o quinto ouro para a menina bonita do público norte-americano, Mary Lou Retton, que também conquistou cinco medalhas, incluindo o título no concurso individual à frente da romena.

O atletismo proporcionou igualmente bons momentos em Los Angeles-1984, com o marroquino Said Aouita a impor-se com à vontade nos 5.000 metros e o italiano Alberto Cova a ganhar nos 10.000, para tristeza dos portugueses, que apostavam tudo em Fernando Mamede, o então recordista mundial, que desistiu.

A marroquina Nawal al Moutawakel foi a primeira atleta muçulmana a vencer um título olímpico, ao superiorizar-se nos 400 metros barreiras femininos.

Los Angeles ficará para sempre na história do olimpismo português, com Carlos Lopes a fazer subir pela primeira vez a bandeira portuguesa ao lugar mais alto, com um triunfo na maratona, oito anos depois da prata nos 10.000 metros em Montreal.

Foram muitos portugueses acordados de madrugada para verem o categórico triunfo do atleta do Sporting, com um registo de 2:09.21 horas, que se manteve como recorde olímpico até 2008, ano em que o queniano Samuel Wanjiru correu em 2:06.32, em Pequim.

Mesmo com a desistência de Mamede, o atletismo português brilhou na Califórnia, com mais duas medalhas de bronze, por António Leitão nos 5.000 metros e por Rosa Mota na primeira maratona feminina nos Jogos, num ‘aviso’ para o que aconteceria quatro anos depois em Seul.

Em Los Angeles, pela primeira vez foram atribuídos diplomas de honra aos oito primeiros classificados de cada prova.

Além dos três medalhados lusos, também receberam diplomas Aurora Cunha (sexta nos 3.000 metros), José Pinto (oitavo nos 50km marcha) e Alexandre Yokochi (sétimo nos 200 metros bruços), que ainda é o melhor português de sempre na natação.

Hino português finalmente tocou em Jogos

O hino português finalmente tocou nuns Jogos Olímpicos, 72 anos depois da estreia de Portugal, graças à vitória de Carlos Lopes na maratona em Los Angeles1984, onde Rosa Mota se tornou a primeira mulher lusa medalhada.

A melhor geração de fundistas de sempre permitiu que o atletismo português viesse da Califórnia com três medalhas, com destaque para a primeira medalha de ouro para Portugal, por Carlos Lopes.

Rosa Mota, terceira na primeira maratona feminina, foi a primeira mulher portuguesa a subir ao pódio, com António Leitão a conquistar o bronze nos 5.000 metros.

Aos 37 anos, Carlos Lopes era o mais velho participante na maratona de Los Angeles1984, mas somou segunda medalha olímpica da sua carreira – tinha recebido a prata nos 10.000 metros de Montreal-1976 – com uma marca histórica, que foi recorde olímpico até 2008.

Sob uma temperatura de 30 graus, Carlos Lopes precisou de 2:09.21 horas para percorrer os 42,195 quilómetros, com 35 segundos de vantagem sobre o segundo, o irlandês John Treacy.

Carlos Lopes venceu o ouroFPA

A marca do português nascido em Vildemoinhos, no distrito de Viseu, foi recorde olímpico durante 28 anos, sendo batido apenas em Pequim-2008 pelo queniano Samuel Wanjiru (2:06.32).

Rosa Mota, que duvidava da sua capacidade antes da partida para a maratona na cidade norte-americana, cortou a meta em terceiro, estreando-se nas medalhas olímpicas, num ‘aviso’ para o que viria a acontecer quatro anos depois em Seul.

Nos 5.000 metros, António Leitão também chegou ao terceiro lugar do pódio em Los Angeles1984, confirmando-se como um dos maiores expoentes mundiais na distância. No final, lamentou não ter atacado mais cedo para chegar ao ouro.

A brilhante participação portuguesa no atletismo completou-se com as prestações de Aurora Cunha, sexta nos 3.000 metros, José Pinto, oitavo nos 50 km marcha, e Ezequiel Canário, nono nos 5.000 metros.

Fernando Mamede, que em julho se tornara o primeiro recordista mundial da história do atletismo português, nos Mundiais de Estocolmo, era apontado como um dos favoritos à conquista de medalhas nos 10.000 metros em Los Angeles, mas desistiu a meio da final.

João Campos atingiu as meias-finais dos 5.000 metros, mas o 10.º lugar foi insuficiente para garantir a qualificação e juntar-se a António Leitão e Ezequiel Canário na final.

Campos foi o melhor dos eliminados e se o caso de doping do finlandês Martti Vainio tivesse sido conhecido horas antes, Portugal colocava três atletas na derradeira corrida dos 5.000 metros.

Na natação, Alexandre Yokochi, vice-campeão europeu de juniores em 1980, foi sétimo na final dos 200 metros bruços, batendo o recorde nacional por quase três segundos, naquele que é ainda o melhor resultado de sempre de um português na natação em Jogos.

Portugal partiu para a Costa Oeste dos Estados Unidos com esperança de um bom resultado no halterofilismo, mas Francisco Coelho, terceiro nos Europeus de juniores no início da década de 80, escorregou num momento decisivo, o que lhe custou a qualificação para os quartos de final.

Quadro de medalhas

Estados Unidos – 174

Roménia – 53

RFA – 59

China – 32

Itália – 32

Canadá – 44

Japão – 32

Nova Zelândia –  11

Jugoslávia – 18

Coreia do Sul – 19

Grã-Bretanha – 37

França – 28

Países Baixos – 13

Austrália –  24

Finlândia – 12

Suécia – 19

México  – 6

Marrocos – 2

Brasil – 8

Espanha – 5

Bélgica – 4

Áustria – 3

PORTUGAL – 3

Quénia – 3

Paquistão – 1

Suíça – 8

Dinamarca – 6

Jamaica –  3

Noruega – 3

Grécia – 2

Nigéria – 2

Porto Rico – 2

Colômbia – 1

Costa do Marfim – 1

Egito – 1

Irlanda – 1

Peru – 1

Síria – 1

Tailândia – 1

Turquia – 3

Venezuela – 3

Argélia – 2

Camarões – 1

Islândia – 1

Rep. Dominicana – 1

Taiwan – 1

Zâmbia  – 1

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