Monday, December 23, 2024

Índice Global da Paz: Portugal entre os mais pacíficos, mas não havia tantos países em guerra desde a Segunda Guerra Mundial

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Não havia tantos países em guerra desde a Segunda Guerra Mundial, revelou a 18.ª edição do Índice Global da Paz (Global Peace Index, GPI), publicado esta terça-feira. De acordo com o relatório, elaborado pelo think tank internacional Institute for Economics & Peace (IEP), existem atualmente 56 conflitos a decorrer nos 163 países que integram a lista.

Globalmente, 97 países registaram uma deterioração dos níveis de paz, o maior número desde a criação do GPI, em 2008. O declínio da paz foi motivado particularmente pelos conflitos em Gaza e na Ucrânia, responsáveis por quase três quartos das 162 mil mortes em combate verificadas em 2023 – o segundo maior número de mortes em 30 anos.

Apesar da instabilidade do presente contexto geopolítico, a Islândia continua a ocupar a posição cimeira do Índice Global da Paz, mantendo-se como o país mais pacífico do mundo desde 2008. No top 5 também figuram, respetivamente, Irlanda, Áustria, Nova Zelândia e Singapura – estreante entre os cinco mais pacíficos.

Portugal é o segundo menos militarizado

Portugal aparece em sétimo lugar, depois da Suíça, tendo descido uma posição face ao relatório anterior. Nas tabelas que distinguem os cinco países mais e menos pacíficos em determinado campo, o país aparece ligeiramente melhor colocado. No domínio da “militarização”, está em segundo lugar, depois da Islândia e à frente da Malásia, Butão e Eslovénia. Na Europa, ocupa o quinto lugar, a seguir à Islândia, Irlanda, Áustria e Suíça.

No extremo oposto da classificação, o Iémen posiciona-se como o país menos pacífico do mundo, tendo substituído o Afeganistão no fundo da tabela. Seguem-se o Sudão, o Sudão do Sul, o Afeganistão e a Ucrânia. O top 10 destes países inclui, ainda, a Rússia e Israel, classificados como o sétimo e nono países menos pacíficos do mundo, respetivamente.

Além de um aumento concreto do número de conflitos, estes tornaram-se mais internacionais, verificando-se a participação de 92 países em guerra fora das suas fronteiras, o valor mais elevado desde a fundação do GPI. O relatório refere, ainda, que nos últimos cinco anos, 100 países estavam, parcialmente, envolvidos nalguma forma de conflito externo, contra os 59 registados em 2008.

A par da generalização e internacionalização dos conflitos, o relatório destaca a sua crescente complexidade, que “reduz a probabilidade de encontrar soluções duradouras”. “A Ucrânia e Gaza são exemplos de reivindicações históricas em curso ou de ‘guerras eternas’ sem resoluções claras”, aponta o GPI.

Utilização de drones aumentou 150%

Igualmente preponderante é a evolução da “tecnologia de guerra assimétrica”, que facilita a participação de países mais pequenos ou com menos poderio militar, bem como de grupos não estatais, nos conflitos em curso. Segundo o relatório, o número de Estados que utilizam drones como arma de guerra aumentou de 16 para 40 entre 2018 e 2023 (+150%).

De um modo geral, a militarização aumentou em 91 dos 163 países analisados desde o início da guerra na Ucrânia, o maior aumento desde o início do GPI, invertendo-se a tendência dos 15 anos anteriores. As transformações nas dinâmicas de guerra, que passou a integrar tecnologia cada vez mais sofisticada, levaram 100 países a reduzir o número de efetivos das suas forças armadas.

Não obstante, a capacidade militar global subiu mais de 10%. “Tendo em conta os compromissos assumidos por muitos países em matéria de despesa militar, é pouco provável que a situação melhore nos próximos anos”, lê-se no relatório.

Observando fatores como a sofisticação militar, a tecnologia e a prontidão de combate, por oposição às abordagens tradicionais que contabilizam apenas o número de efetivos, o IEP concluiu que “os EUA têm uma capacidade militar substancialmente superior à da China, seguida de perto pela Rússia”.

“A combinação destes fatores significa que a probabilidade de um novo conflito de grandes proporções é mais elevada do que em qualquer ano desde o início do GPI”, adverte o think tank.

Como resultado dos conflitos ativos, mais de 95 milhões de pessoas estão atualmente refugiadas ou deslocadas internamente, sendo que 16 países acolhem hoje mais de meio milhão de refugiados.

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