A CGD “resolveu um problema de 65 milhões” e vendeu o shopping La Vie, no Porto, a um grupo francês, que pretende usar o espaço como hub empresarial.
Em 9 de novembro de 2007, o grupo Martifer inaugurou o Porto Gran-Plaza, um centro comercial na Baixa do Porto, perto do bem-sucedido Via Catarina, do grupo Sonae.
O investimento de 65 milhões de euros prometia criar 700 postos de trabalho. Com 20 mil metros quadrados de área bruta locável e 420 lugares de estacionamento, o shopping contava com lojas âncora como Virgin Active, Minipreço e MediaMarkt.
Desde o início, o Porto Gran-Plaza enfrentou dificuldades para se afirmar no saturado mercado de centros comerciais da região. Em 2016, o shopping mudou de nome para La Vie, mas essa alteração não trouxe os resultados esperados.
A baixa afluência de clientes levou a uma decisão inédita no setor em Portugal: o encerramento do shopping aos domingos, durante 11 meses por ano, nos dois anos que antecederam o “rebranding”.
Após ter abrigado temporariamente o Mercado do Bolhão até o final do verão de 2022, o La Vie começou a perder inquilinos. Grandes marcas como MediaMarkt, Rádio Popular, Minipreço e Lameirinho deixaram o centro, seguidas pela Decathlon em janeiro de 2023 e, no final do mesmo mês, pelo ginásio Holmes Place, que ocupava o último piso do edifício.
Atualmente, o La Vie é um “shopping fantasma“, com poucos espaços ocupados. O centro comercial há muito tempo estava nas mãos da Caixa Geral de Depósitos (CGD), que tentava vender o desvalorizado ativo.
A 27 de julho do ano passado, a escritura de compra e venda foi assinada com a Tikehau Capital, uma “private equity” francesa com 44,4 mil milhões de euros em ativos sob gestão, escreve o Negócios.
Em 4 de julho de 2024, a Tikehau Capital anunciou o desenvolvimento de um novo “hub” empresarial no centro do Porto, num investimento de 52 milhões de euros.
Este projeto, chamado Heart of Porto (HOP), pretende transformar o La Vie em um espaço empresarial de 30 mil metros quadrados, com abertura prevista para 2026. Do total investido, cerca de 20 milhões de euros foram destinados à compra do imóvel.
A CGD não confirmou nem desmentiu a informação sobre o valor da venda. Por outro lado, uma fonte oficial da Tikehau Capital detalhou que o investimento conta com a participação da Quest Capital.