Friday, December 27, 2024

Central de dessalinização do Algarve “inútil

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Após as apresentações iniciais de Cláudia Sil, Investigadora do CCMAR da Universidade do Algarve e representante das ONG de ambiente no Conselho Regional da CCDR Algarve; e de Nídia Braz, coordenadora da Universidade do Algarve, presidente do CIVIS, em representação da Plataforma Água Sustentável-PAS; cerca de 40 pessoas participaram no debate organizado pela Plataforma Mais Algarve.

“Os estudos que fundamentam e suportam as políticas e o planeamento, nomeadamente o Plano de Gestão de Região Hidrográfica – PGRH (3º ciclo-2022-2027), o Plano Intermunicipal de Adaptação às Alterações Climáticas – PIAAC e o Plano Regional de Eficiência Hídrica do Algarve – PREHA, ou não mencionam a dessalinização ou referem-na como a última das medidas a considerar estudar depois de as outras acabarem por se revelar insuficientes”, refere a plataforma em comunicado.

“Para além disso, na síntese das questões significativas relativas à gestão da água (QSiGA) identificadas para a revisão do PGRH (3º ciclo-2022-2027), a questão da dessalinização nem sequer surge”.

De uma forma geral, estes estudos apontam para propostas de medidas de adaptação que passam por: reduzir as perdas de água nos sistemas de abastecimento urbano e nas infra-estruturas de rega agrícola; reduzir as necessidades de água nos espaços verdes urbanos; implementar técnicas de retenção de água que promovam a recarga artificial dos aquíferos e o auto-abastecimento; reutilizar a água dos efluentes das ETAR e reavaliar a viabilidade de novas barragens e promover a sua construção.

Em particular, o PIAAC considera “reavaliar a viabilidade de uma central de dessalinização e promover a sua construção”, apenas se o cenário climático se revelar “mais severo e continuar a aumentar a área agrícola de regadio”.

“É com o PRR que surge a proposta concreta e o seu orçamento, apesar dos estudos prospectivos que suportam a tomada de decisão. A dessalinização caiu drasticamente. Pelo facto de haver um PRR, surge uma proposta que não estava prevista nos planos estruturantes para a região. Algo espúrio!”, diz o “Mais Algarve”

“Estudos indicam que as perdas de água no abastecimento urbano atingem 25 a 30%, correspondendo a valores na ordem dos 30hm3, e nos sistemas de rega o valor é semelhante. É ainda de considerar que restringir a rega de espaços verdes públicos e privados (não incluindo campos de golfe) corresponde a uma poupança de 8,8 hm3 (2019)”.

“Os efluentes das 17 ETAR com elevado potencial devido à sua dimensão, proximidade a potenciais utilizadores relevantes de Água para Reutilização (ApR), com níveis de tratamento adequados aumentam a oferta de 20hm3, mas segundo outros, pode chegar aos 40hm3. Além disso, os efluentes das ETAR lançados em ambientes naturais poluem rios, lençóis freáticos e até praias, como é o caso da ETAR de Vilamoura”, pode ler-se no comunicado.

Estes valores demonstram “a irrelevância do investimento na Central Dessalinizadora de 54M€, segundo o PRR, que na prática, considerando custos adicionais como o sequestro para a ETA e outros, atingirá mais 20 ou 30M€, para produzir 16 hm3, previstos no projeto, embora num debate promovido pelo PAS, tenha sido afirmado por participantes da APA e da AdA que a produção seria de apenas 8 hm3”.

“A dessalinização transformou o Golfo de Omã num deserto marinho. A Andaluzia, apesar do recurso à dessalinização, está a transformar-se num deserto, devido à falta de água provocada por uma política agrícola insustentável”, recorda.

A captação de água na área do Parque Natural Marinho da Pedra do Valado, que constitui “uma das áreas mais ricas em termos de biodiversidade a nível nacional e o maior recife costeiro do Algarve, com valores naturais únicos no contexto da costa portuguesa. Em particular, a zona conhecida como Rocha Baixinha, em frente à praia com o mesmo nome ou também conhecida como “praia do tomate”, é uma zona de pesca em que a captação de água e a descarga de salmoura afectarão o plâncton e a piscicultura, para além de introduzirem limitações à pesca”.

A Plataforma Mais Algarve considera que “a praia da Falésia é uma zona turística muito apreciada que serve toda uma gama de hotéis e que será muito afetada pelas obras de instalação de condutas de abastecimento e que provocarão instabilidade na arriba”.

A zona onde se situarão as estruturas da central dessalinizadora, Várzea de Quarteira, tem dos melhores solos do Algarve e do país, estando por isso integrada na Rede Agrícola Nacional – RAN”.

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