Beiersdorf: fabricante da Nivea e Hansaplast poderá ter lesado portugueses em 152,6 milhões de euros

A Beiersdorf Portuguesa Lda.– fabricante da Nivea e Hansaplast e mais, que acaba de se mudar para o Business Ecosystem da Quinta da Fonte em Oeiras – poderá ter lesado os consumidores portugueses em mais de 152 milhões de euros, assegura um estudo da Ius Omnibus. 

A associação que defende os direitos dos consumidores na União Europeia encomendou um estudo que avaliou precisamente em 152,6 milhões de euros os danos para os consumidores portugueses pela alegada prática de fixação de preços da Beiersdorf Portuguesa, reforça o DN, supondo acordos com grandes grupos de distribuição deste grupo alemão que emprega quase 22 mil pessoas a nível mundial.

A ação coletiva interposta corre termos no Tribunal da Concorrência, sendo que o montante da  indemnização por parte da Beiersdorf Portuguesa “pode ascender a 152.660.619 euros”, informa ao periódico a secretária-geral da Ius Omnibus, Carolina Ramalho dos Santos, “de acordo com o relatório económico preliminar pedido pela Ius Omnibus a uma entidade internacional especializada”.

A associação europeia quer ver provado em tribunal que a Beiersdorf Portuguesa beneficiou da “prática de um acordo – ou, subsidiariamente, de uma prática concertada – com as empresas de distribuição participantes, de fixação de preços de venda e outras condições de transação”, reforça.

“A Ius Omnibus considera que na ação que apresentou contra a Beiersdorf existem evidências de que os consumidores residentes em Portugal foram lesados pela Beiersdorf dado que esta entidade, enquanto fornecedora, coordenou com grandes cadeias de supermercados portugueses os preços dos seus produtos para venda aos consumidores”, diz ainda Carolina Ramalho dos Santos, referindo-se a provas com base em elementos divulgados pela Autoridade da Concorrência, mormente a “infração declarada na Decisão da AdC de 15 de junho de 2022”, em que se inspirou o processo apresentado agora. 

Segundo o processo em causa, a alegada concertação que prejudicou os portugueses, ocorreu entre 23 de maio de 2008 e 2 de maio de 2017.

“São representados nesta ação todos os consumidores residentes em Portugal que adquiriram em Portugal, pelo menos entre estas datas, produtos comercializados pela Beiersdorf. Em caso de sucesso da ação, será o tribunal a fixar o montante global da indemnização a ser paga pela Beiersdorf aos consumidores.”

O DN recorda ainda que, em 2022, “a Autoridade da Concorrência (AdC) deu como provado que a Auchan, Modelo Continente, Pingo Doce, a Beiersdorf Portuguesa e um responsável desta empresa participaram num esquema de fixação de preços de venda ao consumidor dos produtos de higiene pessoal e cosmética” do fornecedor alemão, tendo a AdC aplicado então uma multa global de 19,5 milhões de euros.

A coima mais elevada foi aplicada ao responsável da Beiersdorf (9,2 milhões de euros). A Modelo Continente foi alvo de uma multa de 7,5 milhões, seguindo-se o Pingo Doce (4,8 milhões), a Beiersdorf (4,4 milhões) e a Auchan (2,6 milhões), acrescenta.

Fundada em 1880 pelo farmacêutico Paul C. Beiersdorf, em Hamburgo, a Beiersdorf começou a ser um sucesso internacional logo em 1893, com um contrato com a sociedade comercial Lehn & Fink. As marcas que são tão famosas hoje, como a Labello e Nivea foram lançadas em 1909 e 1911, respetivamente.

A Beiersdorf é também detentora da revolucionária base em pomada Eucerite, descoberta há mais de 100 anos e que está igualmente na origem do sucesso da empresa; assim como da Atrix, com 50 anos, que lançou o primeiro creme no mundo que hidrata e protege as mãos intensamente; ou da Hansaplast, com mais de 90 anos, considerada a marca n.º 1 de pensos da Europa. Em 1991, adquiriu a marca suíça La Prairie (desde 1931), pertencente à famosa clínica com o mesmo nome em Montreux, para citarmos algumas das suas chancelas históricas de cuidados da pele.

Em 2023, a Beiersdorf registou um volume de vendas de 9,447 milhões de euros, que perfaz um crescimento de 10,8% face ao exercício de 2022. O resultado operacional atingiu 1.268 milhões de euros em 2023 e o lucro líquido fixou-se em 876 milhões,conclui.