A ideia tomou forma num simples canal de Slack. Mas cresceu e desenvolveu-se rapidamente, comprovando que respondia a uma necessidade sentida pelos que se experimentavam em novos negócios, os novos fazedores e inovadores. Em apenas cinco anos, a 351 – Associação Portuguesa de Startups, passou de uma comunidade informal a entidade oficial, mas o âmbito de ação mantém-se fiel ao que, em 2019, esteve na origem da criação da comunidade sonhada por Malik Piara e Fernando Jardim: preencher um espaço com uma plataforma que gerasse cooperação entre as organizações de apoio aos empreendedores e orientasse aqueles que iniciavam sua jornada empresarial, através de incubadoras, aceleradoras e venture builders.
Agora, a 351 tem uma agenda de eventos bem recheada, que se estende por todo o ano e por todo o país. E, como não poderia deixar de acontecer para quem existe para apoiar o universo de startups, há alguns esculpidos bem à medida da Web Summit, que volta a Lisboa já entre os dias 11 e 14 de novembro. O objetivo é ir além do que acontece na cimeira, não apenas potenciando ainda mais momentos colaborativos como dando palco a empreendedores que queiram mostrar o que valem e atrair investidores e promovendo o máximo de interações entre todos os tipos de elementos da comunidade, sejam fazedores, facilitadores ou financiadores.
Assim regressa a Portugal Tech Week, que durante 11 dias, entre 8 e 18 de novembro, desenvolve mais de 250 iniciativas por 19 cidades de todo o país mas conta, em Lisboa, com alguns momentos altos. Entre eles, conta-se uma corrida (literalmente) de empreendedores (a Tech Run), uma casa que será centro de atividades e encontros (a Tech Week House powered by MEO, no Museu das Telecomunicações) e o Elétrico Pitch, que permite a fazedores mostrarem as suas ideias a potenciais investidores dentro de um elétrico (e esta iniciativa terá segundo take em Viana do Castelo, no histórico Elevador de Santa Luzia).
Em entrevista ao SAPO, os responsáveis da Associação 351 contam como se fez a comunidade e o que se pode esperar desta Portugal Tech Week que está mesmo a chegar.
De onde partiu a ideia para criar esta Associação 351 e como foi concretizá-la?
O conceito de comunidade surgiu por Malik Piara e Fernando Jardim, que perceberam a falta de cooperação entre as organizações de apoio aos empreendedores e a ausência de orientação para aqueles que iniciavam sua jornada empresarial, como incubadoras, aceleradoras e venture builders. O primeiro passo foi a criação de um Slack, que possibilitou a conexão direta entre os membros do ecossistema, sem intermediários ou políticas de exclusividade. Os principais tópicos discutidos incluem empreendedorismo, eventos em Portugal, pedidos de ajuda, oportunidades de financiamento e trocas de opiniões. Com a sua evolução constante, a 351 – Associação Portuguesa de Startups, tornou-se num organismo vivo e passou a apoiar várias iniciativas no ecossistema nacional, que oferecem ferramentas, inspiração e networking para fundadores de startups e empreendedores com potencial.
Após três anos de crescimento exponencial e impacto visível, a equipa da comunidade decidiu formalizar suas atividades e criar uma associação sem fins lucrativos. A Associação 351 foi oficialmente estabelecida em setembro de 2022 e conta com mais de 70 voluntários ativos e mais de 1800 membros no Slack, sendo hoje a maior e mais ativa comunidade independente de startups no país, colaborando com as entidades municipais em Portugal para promover o empreendedorismo e criar oportunidades para fundadores em todo o território nacional.
O primeiro passo para nascer a 351 foi a criação de um Slack, que possibilitou a conexão direta entre os membros do ecossistema, sem intermediários ou políticas de exclusividade.
E como se tem desenvolvido?
A comunidade nasceu em julho de 2019, como um organismo informal que veio apoiar o ecossistema vibrante de startups e novas ideias de negócio. E desde então, tem desempenhado um papel significativo na transformação do ecossistema empreendedor em Portugal e tem como membros desde curiosos aspirantes a empreendedores até fundadores de startups que começam a dar os seus primeiros passos no sentido de mudar o mundo, e ainda scale-ups internacionais. Em apenas cinco anos, passou de uma comunidade informal para uma entidade oficial, mantendo sua abertura, inclusão e colaboração. Tem atuado como um ponto de encontro entre os diversos atores do ecossistema, como fundadores, investidores, empresas, serviços de suporte e muitos outros.
Que tipo de iniciativas promovem regularmente para esse objetivo?
A 351 Startups apoia várias iniciativas regulares do ecossistema, mas podemos destacar a Startup Grind Lisbon, um evento mensal que tem como objetivo oferecer aos fundadores de startups ou futuros empreendedores as ferramentas necessárias para levarem os seus projetos mais longe; as CreativeMornings LX, evento mensal que oferece o pequeno-almoço e uma conversa inspiradora a um público criativo que procura novas ideias e conexões; e a Techstars Startup Digest Portugal, uma newsletter semanal que contém toda a informação do ecossistema, desde eventos a notícias de investimento e outras conquistas por startups portuguesas.
Mas há outras iniciativas sempre a nascer da equipa de voluntários…
Sim, temos as Coworking Thursdays em Lisboa e Porto, um evento semanal que permite, a cada quinta-feira, a descoberta de um novo cowork ou empresa que abre as suas portas nesse dia, de forma gratuita, aos trabalhadores remotos e empreendedores. Também os 351 Workshops, uma nova iniciativa regular que reunirá a comunidade de empreendedores em torno dos temas mais interessantes para fundadores e curiosos, que são gratuitos e que iniciaram a sua programação em setembro deste ano. E a 351 Community Newsletter, feita quinzenalmente com as notícias mais importantes do ecossistema empreendedor, oportunidades para startups se candidatarem e eventos para as seguintes semanas.
Estamos a criar Tech Days em diversas cidades portuguesas, para levar conteúdo de qualidade a população e também para atrair pessoas de outras regiões para estas cidades; e impactar mais pessoas, trazendo-as para o universo da tecnologia, onde a maior parte das oportunidades do mercado de trabalho estarão concentradas no futuro.
A semana de Web Summit é um momento especial para vocês. Como é que surgiu a ideia de fazer a Portugal Tech Week?
A Portugal Tech Week surgiu com três objetivos bem definidos: gerar impacto económico (estima-se uma receita de 31 mil milhões de euros para o país, oferecendo uma rica agenda de conteúdos que façam com que as pessoas que venham para o país durante a altura das grandes conferências, como a Web Summit, estendam a sua estadia por, pelo menos, mais três dias); descentralizar a inovação, uma vez que, atualmente, todas as oportunidades estão divididas entre Lisboa e o Porto, e quem não é desta região passa a não ter acesso a bons conteúdos — e neste sentido, estamos a criar Tech Days em diversas cidades portuguesas, para levar conteúdo de qualidade a população e também para atrair pessoas de outras regiões para estas cidades —; e impactar mais pessoas, trazendo-as para o universo da tecnologia, onde a maior parte das oportunidades do mercado de trabalho estarão concentradas no futuro.
E como chegaram aos apoios de que necessitavam para lhe dar vida, nomeadamente da Fundação Santander Portugal e do MEO?
A Fundação Santander tem dois grandes objetivos: gerar novos empreendedores e apoiar os que já existem. Como a missão da 351 Startups é super alinhada com a da Fundação Santander, temos trabalhado desde o ano passado em diversos projetos em conjunto, para apoiar e promover o empreendedorismo nacional; e a Portugal Tech Week é um destes projetos — no seu segundo ano (2023), já venceu o prémio da fase nacional dos European Enterprise Promotion Awards 2024, uma iniciativa da Comissão Europeia que distingue os melhores projetos e iniciativas de promoção empresarial nos 27 Estados-membros da União Europeia, bem como nos países associados do pilar PME do Programa do Mercado Único, além de ser considerada uma Pledge da European Digital Skills and Jobs Coalition.
Quanto ao apoio do MEO, foi um marco significativo para a Portugal Tech Week. Como parceiro tecnológico de prestígio, o MEO permite-nos expandir as nossas iniciativas e alcançar novos horizontes. Este ano, graças ao apoio do MEO, conseguimos descentralizar ainda mais as nossas atividades, levando o Elétrico Pitch para todo o território nacional e para parceiros internacionais, utilizando transmissões em live stream com tecnologia 5G mais confiável.
Este ano, graças ao apoio do MEO, conseguimos descentralizar ainda mais as nossas atividades, levando o Elétrico Pitch para todo o território nacional e para parceiros internacionais, utilizando transmissões em live stream com tecnologia 5G mais confiável.
Além disso, com a Portugal Tech Week House powered by MEO, um espaço fornecido generosamente pelo MEO, teremos 11 dias consecutivos de conteúdo gratuito ao vivo, alcançando diversas geografias. O MEO não é apenas um patrocinador, mas um parceiro ativo que está genuinamente interessado em cocriar novas ideias e gerar valor, utilizando a sua experiência e liderança para enriquecer o ecossistema empreendedor.
Que novidades de destaque traz neste ano a PTW e porque é que é distintiva, ainda que aproveite o gancho da Web Summit?
A Portugal Tech Week (PTW) deste ano traz várias novidades que a tornam ainda mais distintiva, mesmo aproveitando o momentum gerado pela Web Summit. Desde logo a PTW House powered by MEO, que inauguramos e que servirá como centro de atividades e encontros durante os 11 dias do evento. Depois temos a Tech Run no dia 10, a primeira corrida pró-tecnologia do país, com percursos de 10 e 5 km, e o Elétrico Pitch com live streaming graças ao MEO. Neste ano, uma versão do Elétrico Pitch também será realizada no icónico Elevador de Santa Luzia, em Viana do Castelo, organizada pelo ecossistema local da cidade no âmbito dos Tech Days.
São grandes evoluções do evento.
Sim e há mais. Também passámos de dez para 19 cidades, graças a parcerias com diversas câmaras locais, permitindo que mais comunidades locais participem e se beneficiem dos Tech Days, e tornámo-nos mais acessíveis e inclusivos, com transmissões em live stream e eventos espalhados por todo o país, garantindo assim que mais pessoas possam participar, independentemente da sua localização. E a criação da Portugal Tech Week House oferece um local físico para networking, colaboração e crescimento da comunidade empreendedora. O que torna a Portugal Tech Week distinta, mesmo com a proximidade da Web Summit, é o foco em descentralizar a inovação e impactar mais pessoas em diversas regiões de Portugal. Enquanto a Web Summit se concentra principalmente em Lisboa, a PTW leva conteúdo de qualidade e oportunidades de networking para várias cidades, promovendo um ecossistema mais inclusivo e acessível.
O que torna a Portugal Tech Week distinta, mesmo com a proximidade da Web Summit, é o foco em descentralizar a inovação e impactar mais pessoas em diversas regiões de Portugal.
E exatamente o que é que podemos esperar que aconteça na PTW House powered by MEO?
Durante os 11 dias do evento, os participantes poderão desfrutar de uma variedade de atividades enriquecedoras, incluindo palestras inspiradoras (apresentações de líderes e inovadores do setor tecnológico), talks com especialistas da indústria (conversas aprofundadas sobre tendências e desafios atuais), sessões de coworking, gravações de podcasts ao vivo com convidados especiais, mentorias personalizadas (sessões individuais com mentores experientes para orientar startups e empreendedores), streams ao vivo dos principais eventos e apresentações e ainda o Future Tech Festival, o primeiro festival de arte e cinema dedicado à tecnologia, explorando a interseção entre inovação e expressão artística.
Além de trazermos especialistas nacionais e internacionais que representam diversas empresas como Google, OVH Cloud, Le Wagon, entre outros, também abrimos as portas da casa a diversas comunidades nacionais e internacionais, como a TugÁgil, uma das comunidades mais ativas sobre “Agile” in Portugal, as CreativeMornings, maior comunidade das indústrias criativas do mundo, com eventos em mais de 200 cidades, e as FuckUp Nights, maior evento sobre falhanços em negócios, também presente em centenas de regiões ao redor do globo. São tudo atividades que oferecem uma oportunidade única para aprendizagem, troca de ideias e construção de redes de contacto num ambiente de celebração e colaboração.
Como é que alguém pode lá chegar e tornar-se “ocupantes” da casa?
Podem participar empreendedores, investidores e entusiastas da tecnologia. São bem-vindos a participar nas atividades da Portugal Tech Week House. O evento acontece de 8 a 18 de novembro, das 10.00 às 21.00, no Museu das Telecomunicações, na Rua do Instituto Industrial 16A, Lisboa. Basta deslocar-se até àquela morada e participar nas palestras, workshops, sessões de coworking e oportunidades de networking. Para quem não pode estar presente fisicamente, todo o conteúdo estará disponível em livestream em www.portugaltechweek.com. O que procuramos é atrair indivíduos proativos, interessados em inovação e colaboração, que desejem aprender, partilhar conhecimentos e estabelecer conexões valiosas dentro do ecossistema empreendedor.
Abrimos as portas da PTW House powered by MEO a diversas comunidades nacionais e internacionais, como a TugÁgil, uma das comunidades mais ativas sobre “Agile” in Portugal, as CreativeMornings, maior comunidade das indústrias criativas do mundo, com eventos em mais de 200 cidades, e as FuckUp Nights, maior evento sobre falhanços em negócios
O Elétrico Pitch, em parceria com a Carris, também é uma ideia singular. Como é que isso aconteceu?
Foi inspirado no conceito tradicional de Elevator Pitch, que decidimos adaptar para refletir a identidade portuguesa, utilizando o icónico elétrico amarelo de Lisboa. Propusemos a ideia à Carris, que recebeu o conceito com entusiasmo e colaborou connosco para torná-la realidade. Novidade neste ano é que, no âmbito dos Tech Days e em parceria com a CM de Viana do Castelo e o ecossistema local, o Elétrico Pitch será replicado no Elevador de Santa Luzia em Viana do Castelo, expandindo o alcance do evento e promovendo a inovação tecnológica em diferentes regiões de Portugal.
As candidaturas fecharam hoje. Que tipo de empresas se inscreveram para esta iniciativa?
Já recebemos candidaturas de diversas startups inovadoras de variados setores, incluindo tecnologia, saúde, sustentabilidade e fintech. As empresas participantes são empreendedores visionários que procuram apresentar soluções disruptivas e impactantes. A competição será acirrada, com investidores altamente qualificados a avaliar cada pitch. As startups participantes terão a oportunidade de receber feedback valioso e potencialmente atrair investimentos que impulsionarão os seus projetos para o próximo nível.