À medida que fui aprofundando os resultados, tornou-se claro que as startups tecnológicas portuguesas não só estão a ganhar reconhecimento global, mas também a ter potencial para remodelar a economia do país. Com a expectativa de que estas empresas angariem 92 milhões de euros até ao final do ano, o ímpeto é inegável, mas a jornada está apenas a começar.
Ao longo da última década, Portugal deu passos notáveis. Entre 2005 e 2014, os investimentos em tecnologia somaram apenas US$ 145 milhões. Avançando para a década atual, este valor subiu para 1,5 mil milhões de dólares (1,4 mil milhões de euros). Estes números sublinham a crescente capacidade do setor para atrair atenção e capital globais significativos. No entanto, apesar destes avanços, o investimento tecnológico de Portugal representa apenas 0,06% do seu PIB, colocando o país na metade inferior entre as nações europeias. Isso destaca uma oportunidade perdida – que poderia revolucionar a economia se aproveitada corretamente.
Os especialistas da Atomico enfatizam a importância de promover um ambiente favorável para o crescimento tecnológico. O acesso ao capital, as políticas governamentais que recompensam a inovação e a expansão do talento local são identificados como as pedras angulares para desbloquear todo o potencial de Portugal. É encorajador constatar que já existem sinais de progresso. As iniciativas lideradas pela UE e pelos governos locais estão a gerar mais financiamento para o sul da Europa, ajudando Portugal a construir as bases para uma economia mais forte impulsionada pela tecnologia.
Uma área em que Portugal brilha é na inteligência artificial (IA). Com universidades de classe mundial e foco em STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática), o país cultivou um forte banco de talentos de IA. Atualmente, Portugal ocupa o 12.º lugar na Europa em funções ativas de IA (17.700 postos de trabalho), subindo para o 7.º lugar quando ajustado à dimensão da população. Se este talento puder ser apoiado através de investimentos e políticas estratégicas, a IA poderá tornar-se uma força transformadora, colocando Portugal na vanguarda da inovação tecnológica global.
O relatório também destaca a crescente força de trabalho de tecnologia, que quadruplicou de 5.200 em 2015 para 20.700 em 2024. Este crescimento, embora promissor, ainda está aquém de países como Espanha e Itália, sugerindo que ainda há potencial inexplorado no mercado de talentos de Portugal.
Então, como pode esta crescente presença tecnológica transformar a economia portuguesa? Em primeiro lugar, um setor tecnológico próspero pode impulsionar a criação de emprego, não apenas na tecnologia, mas em todos os setores, incluindo educação, saúde e energia. Em segundo lugar, pode atrair mais investimento direto estrangeiro, impulsionando o PIB e promovendo a inovação. Por fim, o desenvolvimento de tecnologias de ponta, especialmente em IA e sustentabilidade, pode posicionar Portugal como líder global, atraindo colaborações internacionais e promovendo a resiliência económica.
A mensagem é clara: Portugal tem o talento, o ímpeto e o potencial. Ao concentrar-se em políticas que atraiam investimento, apoiem a inovação e capacitem os empreendedores, o país pode transformar a sua economia e garantir um futuro próspero. Com o mundo a observar, é tempo de Portugal aproveitar esta oportunidade. O sucesso do setor de tecnologia não é apenas uma vitória para as startups, é um divisor de águas para toda a nação.
Paulo Lopes is a multi-talent Portuguese citizen who made his Master of Economics in Switzerland and studied law at Lusófona in Lisbon – CEO of Casaiberia in Lisbon and Algarve.
Paulo Lopes