Thursday, November 21, 2024

ModaLisboa Singular com balanço positivo

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14 de outubro de 2024

A 63.ª edição da Lisboa Fashion Week (LFW) encerrou no domingo, 13 de outubro, com o desfile de Dino Alves virado para o cerne humano, na medida em que a sua coleção de primavera-verão 2025 explora a dualidade entre o bem e o mal manifestada no carácter e escolhas pessoais. Se por acaso (ou não), as pessoas são igualmente homenageadas nesta denominada ModaLisboa Singular, mas mais e somente pela positiva, dado o evento ter sido desenhado para celebrar a relação entre a capital portuguesa e a semana de moda, como produto de uma cidade em efervescência, multirracial e multicultural, onde todos os ensinamentos se fundem e transformam.

Astrid Werdnig e Paulo Pires – Foto: Ricardo Santos

As atividades andaram ainda à volta de espaços emblemáticos como o recém-inaugurado MUDE – Museu do Design, Sociedade Nacional de Belas Artes (SNBA) ou Palácio Chiado (património nacional), elevando assim a moda à categoria de arte. Sem esquecer a passerelle alternativa que os convidados e público criam como costume em torno dos desfiles e espaços circundantes ao Pátio da Galé onde quase tudo acontece. Não apenas como uma antevisão mas também como uma nova moda muito particular, criativa e inesperada – o street style. De edição para edição, estas tendências ganham força e renovam-se. Portanto, as espectativas da LFW foram altas e o saldo mais do que positivo, tendo a semana da moda portuguesa apostado fortemente no melhor do design e no melhor da produção ética e responsável posicionando-se para marcar pontos a nível internacional.

Na noite de sexta-feira, 11 de outubro, Constança Entrudo apresentou a coleção S.O.S que revelou ao mundo, primeiro em Nova Iorque e mais recentemente em Paris, optando também por um espaço alternativo, a Sala Lisa, palco de atuações e clubbing. A ela junta-se a Timberland numa colaboração inédita.

Constança Entrudo – Instagram

Salientamos ainda Carlos Gil, Buzina X Tous, Luís Carvalho e Béhen no sábado, 12 de outubro. Carlos Gil fundiu neste novo capítulo bordados tradicionais por especialistas indianos com motivos inovadores em 3D. Vera Fernandes inspirou-se nos anos 1980 para o desfile Buzina X Tous, dando protagonismo à peça-chave, como seja o cinto que representa uma novidade para a famosa marca de joalharia. Luís Carvalho e Béhen fecharam a noite, apresentando o primeiro “Round & Around” como um novo começo, com inspiração no minimalismo e geometria do fotógrafo holandês Bastiaan Woudt, especialista em paisagens e naturezas mortas. Já Béhen manteve o grande foco no upcycling e sustentabilidade, priorizando os bordados e técnicas de manipulação têxtil, e sempre honrando o ADN da marca.

No domingo de fecho, para além de Dino Alves no final como que em confronto de forças díspares entre materiais e cores, destacamos Luís Onofre estreante na ModaLisboa com a sua coleção “Desire” onde distinguiu modelos sexy e apelativos, que viajam pelo tempo em tonalidades e designs contrastantes, já se encontrando à venda nas lojas físicas e online.

Luís Carvalho – Cortesia Luís Carvalho

Luís Buchinho desconstruiu o lenço bandana, dando-lhe novas utilizações, com o apoio simultâneo de estampados gráficos e malhas com efeito metálico. Seguidamente, Valentim Quaresma concentrou-se na obra de Caravaggio partindo do tema ‘Natureza Morta’ e do uso de luz e sombra característico do pintor italiano do século XVI, para se conectar com a terra e natureza. Sem esquecer o recurso ao desperdício têxtil. 

Gonçalo Peixoto apostou no rosa e azul como nas eternas lantejoulas, transparências e inéditos motivos florais inovando novas silhuetas e conjugações, onde a sensualidade é sempre uma referência da sua marca.

Valentim Quaresma – Instagram

Em suma: uma edição projetada no futuro concentrando forças e sinergias, como aliás tem vindo a acontecer desde o saudoso ano de estreia da ModaLisboa, em 1991, no Teatro São Luiz, que estando in loco no local não o recordamos tão diferentemente do que tem vindo a acontecer apesar das novas caras, do natural e franco crescimento, bem como reconhecimento.

Sendo agora uma mostra de moda de autor Made in Portugal com maior visibilidade (mormente pelas redes sociais), que é essencialmente patrocinada pela autarquia local. Que sigam outros o exemplo.

Dino Alves – Ugo Camera

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