Nesta segunda-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Paulo Rangel, discursou na Cúpula do Futuro destacando “os terríveis incêndios que assolaram o país” nos últimos dias.
Ele afirmou que esse foi o motivo da ausência do primeiro-ministro de Portugal, Luis Montenegro, que estava previsto para comparecer ao evento. Rangel destacou a crise climática como um “tema fundamental” para o futuro do mundo e das nações.
“Fogos indomáveis”
“Estes fogos indomáveis estão ligados às alterações climáticas, ao desenvolvimento sustentável, ao planeamento da floresta e das cidades. Esta agenda mostra bem a razão do secretário-geral das Nações Unidas quando apresentou a Nossa Agenda Comum e lançou um processo ambicioso o de reconstruir a confiança num sistema multilateral eficaz, centrado nas Nações Unidas, alinhado com esta visão ambiciosa e ampla do multilateralismo mais eficaz. Portugal participou ativamente nas negociações do Pacto para o Futuro do Pacto Global Digital e da Declaração sobre as Gerações Futuras, numa expressão clara da nossa determinação em promover a paz, o desenvolvimento sustentável e o respeito pelos direitos humanos”.
O ministro citou ainda deslocados climáticos das ilhas do Pacífico e das Caraíbas, as secas na Etiópia e na Índia e os incêndios florestais em tantas outras partes do mundo. Segundo ele, os desafios de hoje “não conhecem fronteiras e merecem um Pacto para o Futuro”.
Rangel afirmou que Portugal escolhe “o caminho da ação coletiva, da interação, do multilateralismo, do diálogo, da paz”.
Governação dos mares
Dentre as contribuições do país, o chefe da diplomacia portuguesa listou a aposta no desenvolvimento de capacidade preventiva e prospectiva, “apoiando a boa governação do mundo, do mundo digital, do espaço exterior, promovendo a inovação, o uso responsável da ciência e a transformação digital”.
Rangel ressaltou que Portugal é um país “profundamente ligado ao mar” e por isso reconhece o “papel vital” dos oceanos na economia global e no combate às alterações climáticas.
Nesse sentido, ele sublinhou a importância da governação responsável dos mares, em parceria com os Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento, Sids, e tendo em vista a terceira Conferência dos Oceanos.
Reforma financeira e do Conselho de Segurança
O representante de Portugal disse ainda que o país está comprometido em reformar o sistema de governação global, incluindo a arquitetura financeira internacional. O representante mencionou que, enquanto país convidado pela presidência brasileira do G20, apoia o apelo à ação do bloco nesse tema.
Rangel mencionou como uma oportunidade a quarta Conferência Internacional sobre o Financiamento do Desenvolvimento, cujo processo preparatório é presidido por Portugal e pelo Burundi.
Sobre os temas de paz e Segurança ele disse que não podem ser esquecidos aqueles os “que morrem em Gaza, na Ucrânia, no Sudão, nos conflitos do Sahel, na desigualdade e na violência de gênero ou nos impactos crescentes e terríveis das alterações climáticas”.
O ministro português lembrou que o país é candidato ao Conselho de Segurança para os anos de 2027 e 2028.