Thursday, September 19, 2024

IDE em Portugal encara desafios mais complexos à medida que posição nacional consolida

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Após uma fase inicial para colocar Portugal como um destino atrativo e conhecido para o investimento estrangeiro, os desafios prendem-se cada vez mais com realidades mais complexas, como a retenção de talento, a infraestrutura envolvente e a sustentabilidade, consideram os intervenientes do painel da EY sobre o tema.

A subida do investimento direto estrangeiro (IDE) e, sobretudo, da visibilidade portuguesa como destino atrativo de investimento são boas notícias para Portugal, embora trazendo novos desafios, como a retenção do talento, a sustentabilidade, a infraestrutura circundante ou a manutenção de elevados fluxos de capital a chegarem à economia nacional. O país tem potencial para mais, garantem os intervenientes no painel da EY sobre o tema, mas é preciso criar um sistema de atração de investimento e estender o bom ambiente vivido nos maiores centros urbanos a outras geografias.

A apresentação do EY Attractiveness Survey Portugal 2024, esta terça-feira, em Lisboa, serviu de mote a um debate sobre os desafios associados ao IDE na economia nacional, sobretudo dada a importância crescente que o país tem assumido no panorama global de investimento. Ultrapassada a fase inicial de dar visibilidade ao ecossistema português, os desafios agora são mais complexos e abrangentes, embora as perspetivas sejam positivas, apontaram os membros do painel.

Isabel Ucha, CEO da Euronext Lisbon, lembra os investimentos da empresa no país, nomeadamente a instalação de data centres de referência, explicando os fatores determinantes para a decisão de relocalização para Portugal: disponibilidade de talento e “a preços competitivos”, a infraestrutura de comunicações, a abundância de “jovens com vontade de aprender” e com excelentes capacidades em inglês, além da qualidade de vida que o país oferece.

Nesta mesma linha, a Euronext anunciou “em junho a contratação de um novo espaço no Porto”, prevendo “crescer para cerca de 500 colaboradores” em dois anos, isto após “uma análise comparativa com outros países”. Após a mesma, a CEO afirma que “continuamos a entender que Portugal tem todas as condições para crescermos aqui”, razão pela qual avançaram com o projeto.

Também Andres Ortola, presidente e Country Manager da Microsoft Portugal, vê o “sector da tecnologia a crescer muito em Portugal”, pelo que os desafios se tornam de maior complexidade, com a retenção de talento e a internacionalização à cabeça.

“O que falta de vez em quando, principalmente fora dos grandes centros, é a infraestrutura”, converge Vitor Gregório, Board Member da Bosch Termotecnologia, lembrando os impactos que a questão da habitação, educação ou transportes têm na atração e retenção de talento.

“É importante que, enquanto país, Portugal vá para além de Lisboa e Porto”, argumenta, lembrando o peso desproporcional dos dois maiores centros urbanos do país. Apesar do centralismo que define o país, há exemplos positivos vindos de outras capitais de distrito, como Aveiro ou Braga, e até de cidades mais pequenas, como o Fundão, onde o poder local ajudou na retenção de trabalhadores altamente especializados através da disponibilização de serviços públicos e habitação de qualidade.

Já Filipe Ferreira, secretário Metropolitano da Área Metropolitana de Lisboa, pede que se olhe para estes exemplos que destoam da média para que estes se tornem o habitual.

“O nosso desafio é transformar estes outliers num sistema”, resumiu, lembrando os “outliers inacreditáveis” que surgem na economia portuguesa, mas lamentando a falta de “stock de conhecimento sobre a atração de investimento”.

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