“A Appian tem uma visão da Inteligência Artificial muito colaborativa. Nós não acreditamos que a IA vem aqui substituir totalmente componentes substanciais que as pessoas fazem”, afirma Rui Gaspar, diretor comercial e responsável da Appian em Portugal, em entrevista à Exame Informática. “Existe uma série de tarefas em que a IA pode dar uma ajuda enorme, mas depois no final há sempre intervenção humana para que as coisas funcionem, para que os processos avancem e para que possamos satisfazer as necessidades dos clientes”, realça.
Para a Appian, especializada em automação de processos de negócios, a IA ganhou uma grande relevância, acelerando tarefas que antes eram demoradas e rotineiras, e que agora são feitas por software, explica o responsável.
“O grande desafio da IA é colocá-la a fazer coisas úteis para as empresas e para as organizações”, afirma. “Eu posso ter um processo em que entra a fatura, a fatura é reconhecida, é alocada, e é verificada. E depois, posso, por exemplo, pedir ao programa que pesquise nas minhas faturas e encontre quais são os principais fornecedores, e com os quais nós temos melhores condições comerciais e melhores resultados”.
A empresa pretende aplicar um conceito de IA privada, em que o modelo apenas utiliza dados do cliente e não dados públicos. “Significa que esta [IA] ‘corre’ dentro da infraestrutura da Appian. Por exemplo, utilizamos infraestruturas da AWS (Amazon Web Services), mas os dados confidenciais são prestados pelos clientes e estes são os únicos proprietários dos mesmos”, explica Rui Gaspar.
Eficiência e automatização
A eficiência na gestão de dados é um desafio constante para muitas empresas. A dependência de sistemas mais ‘manuais’, como a transferência de dados entre diferentes plataformas, o envio de emails e o preenchimento de folhas de Excel, resulta em processos lentos e propensos a erros. A transformação digital surge como uma solução indispensável para modernizar e otimizar esses processos.
De acordo com o diretor comercial da Appian, a automatização de processos não só reduz a quantidade de erros, mas também torna a operação mais ágil. “Há uma questão pura de eficiência. Uma pessoa ter que tirar dados de um sistema para colocá-los em outro já não é viável. O nosso primeiro foco é tornar esses processos mais automáticos”, afirma. A automação permite que ferramentas controlem o fluxo de informações e processos, fornecendo resultados de forma mais controlada e precisa.
Nos últimos 15 anos, a evolução tecnológica facilitou a implementação de sistemas automáticos, algo que anteriormente seria impraticável. No entanto, a automação não deve ser sinónimo de rigidez. “É fundamental ter um processo definido, mas também precisamos de flexibilidade para adaptar o fluxo operacional conforme necessário”, destaca o responsável. A plataforma da Appian permite essa flexibilidade, oferecendo opções para reverter ou redirecionar processos conforme surgem exceções ou problemas inesperados.
O mercado em Portugal
A Appian conta com cerca de 2300 funcionários a nível global e, nos Estados Unidos tem diversos clientes, em particular na área da justiça. Desde 2016 que a empresa tem uma forte presença em Espanha, com mais de 100 clientes em áreas como a banca, setor público, e seguros.
Há um ano e meio a empresa decidiu “evoluir” para Portugal e, hoje, tem presença na área financeira e governamental, assim como no setor público. Na opinião de Rui Gaspar, “não há razão nenhuma para não se fazer cá, aquilo que é feito em Espanha, já que as empresas têm o mesmo tipo de perfil e necessidades.”
“Nós trabalhamos muito de perto com os nossos clientes financeiros, eles cada vez menos querem ter capacidade interna, e portanto recorrem externamente a alguém que desenvolva e entregue projetos. Atuamos naquilo que é a forma de trabalhar com o cliente, desenvolver opções, e negociar”, explica o diretor comercial, analisando a necessidade que as empresas sentem em acelerar processos.
“A Appian é uma solução transversal, nós não temos propriamente uma especialização setorial porque de facto qualquer tipo de empresa pode tirar partido dos nossos serviços”, afirma Rui Gaspar. Entre os seus clientes contam-se dois bancos internacionais a operar em Portugal, incluindo o Santander Totta, além da consultora PwC, e a EDP Renováveis, e a ambição é continuar a crescer no nosso país, ajudando a simplificar processos a nível empresarial.
*Texto: Tiago Jorge Pereira, editado por Francisca Andrade