Saturday, November 23, 2024

Investimento em infraestruturas, localização e cabos submarinos garantem a Portugal posição como centro de interligação global

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Portugal, e em especial Lisboa, tem conquistado uma posição cada vez mais central como ponto de interligação e conetividade e o estudo encomendado pela DE-CIX, operador mundial de Internet Exchange (IX), vem confirmar que há vários fatores a contribuir para este reconhecimento.

Segundo os dados, é o investimento em infraestruturas, a localização geográfica e a amarração de vários cabos submarinos, aliada à existência de um mercado de Internet Exchange (IX) de apoio aos operadores de rede e empresas em processo de digitalização, que solidificam este estatuto, e a afirmação como alternativa viável aos locais históricos de interconexão na Europa, conhecidos como FLAPS – Frankfurt, Londres, Amesterdão, Paris e Estocolmo.

A DE-CIX está a assinalar os cinco anos de presença em Portugal, com o DE-CIX Lisboa e o CEO da empresa, Ivo Ivanov, destaca que esta análise revela os progressos notáveis que Portugal fez no desenvolvimento da sua infraestrutura digital e na dinamização de vários sectores. “Assistimos a um crescimento significativo, com o número de redes ligadas a triplicar desde o início das nossas operações. A localização estratégica da DE-CIX Lisboa minimiza a latência na troca de dados, apoiada por ligações diretas por cabos submarinos à América do Sul e ligações futuras à costa leste dos EUA. A baixa latência é crucial para os serviços digitais, frequentemente considerados a nova moeda da era digital”

Segundo os dados partilhados no estudo, os preços da conetividade de trânsito IP de Portugal caíram 65% desde 2016, proporcionando uma posição competitiva no mercado europeu, destacando-se ainda o “ecossistema próspero de cabos submarinos e terrestres, um forte investimento em centros de dados e uma duplicação do número de Internet Exchanges de 2016 a 2024”.

A localização geográfica coloca Portugal “no centro do mundo da conetividade à Internet”, refere esta análise, com a ligação de outras regiões do mundo à Europa e facilitando o acesso eficiente dos europeus ao resto do globo, minimizando potencialmente os tempos de ida e volta dos fluxos de dados, com menores distâncias em linha reta aos principais centros económicos e populacionais nos cinco continentes.

Veja alguns dos dados do estudo

Londres e Frankfurt têm uma posição semelhante mas o estudo indica que Lisboa se destaca “por apresentar ligações diretas por cabos submarinos através do Atlântico até à América do Sul, e em breve ligações diretas à Costa Leste dos EUA”. Com os investimentos previstos, prevê-se que, até 2026, as iniciativas de amarração de cabos submarinos em Portugal se estendam a 115 estações de amarração de cabos em todo o mundo estabelecendo ligações diretas por cabo com nada menos que 60 países nos cinco continentes e estendendo-se até à Austrália.

A análise partilhada indica ainda que “o que distingue Portugal de uma forma ainda mais distinta de outros países é que as quatro principais estações de amarração de cabos internacionais e os três principais Internet Exchange (IX) de Portugal em Lisboa estão todos num raio de apenas 100 quilómetros, criando uma infra- estrutura de rede unicamente concentrada e interligada”.

Em relação à velocidade de internet e custo de conetividade, o documento indica ainda que entre 2016 e 2024 Portugal registou um aumento da velocidade média de ligação à Internet de 844%, passando de 12,6 Mbps para 119 Mbps, o que fez com que o país subisse 15 lugares no ranking mundial. Ao mesmo tempo, o preço médio por megabit para os clientes finais baixou 20%, uma diminuição ainda mais acentuada nos preços de trânsito, que caíram 65% para 0,26 cêntimos. “Com preços em 2023 de 0,25 EUR cêntimos em Espanha e 0,22 EUR cêntimos na Alemanha, Portugal está bem posicionado em comparação com outros mercados competitivos”, refere o estudo.

O número de datacenters é também um elemento destacado. No início de 2024 Portugal contava com 33 data centers, dos quais 20 estão nas proximidades de Lisboa. Refere-se ainda o datacenter da Covilhã e o projeto de Sines, alimentado por energia 100% verde.

A DE-CIX indica em comunicado que uma infraestrutura de conetividade sólida e resiliente e uma abundância de centros de dados permitem o surgimento de um ecossistema diversificado de Internet Exchange (IX). Nos últimos oito anos o número de IX em funcionamento em Portugal duplicou, para quatro operações, oferecendo serviços em vários centros de dados para uma diversidade de operadores de rede. A DE-CIX entrou no mercado português com o DE-CIX Lisboa em 2019 aproveitando a oportunidade para desenvolver o seu ecossistema europeu de interligação no Sul da Europa e solidificando a posição global e a estrutura que mantinha em Espanha. Atualmente mantém 60 redes ligadas, incluindo duas redes brasileiras recentemente ligadas, capitalizando a ligação direta entre Portugal e o Brasil através do cabo submarino EllaLink.

O estabelecimento de cloud service providers em Portugal é visto como a próxima fronteira. O relatório aponta já a presença de redes de distribuição de conteúdo (CDNs) como a Akamai, CDN77, Cloudflare e Fastly, mas diz que os fornecedores de serviços cloud ainda não estabeleceram uma presença substancial no país.

“O estudo mostra que Portugal pode não ter os números económicos e populacionais da maioria dos FLAPS, mas o que oferece é um centro de interligação global de classe mundial capaz de gerir fluxos de tráfego internacional destinados à Europa ou atuar como uma zona de trânsito para um encaminhamento mais eficiente dos fluxos de dados internacionais tornando-o num local que não pode ser ignorado pelas redes que procuram uma localização mais próxima dos mercados emergentes ou um novo ponto de vantagem para lidar com a latência, aclamada como a nova moeda para o futuro do domínio do fluxo de dados da Internet”, sublinha o documento

Este ano Lisboa vai acolher a primeira conferência Atlantic Convergence que pretende reunir operadores mundiais e arquitetos da infraestrutura digital pan-atlântica de empresas globais, assim como operadores de centros de dados, cabos submarinos e satélites LEO, fornecedores de serviços Cloud, OTTs e operadores IX. A conferência tem dada marcada de 1 a 3 de outubro e é uma iniciativa da DE-CIX em parceria com a AtlasEdge, a EllaLink e a Interfiber Networks.

O estudo Portugal: A Global Interconnection Hub, a Gateway to Europe, a Gateway to the World pode ser visto na íntegra neste link.

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