Saturday, November 23, 2024

Sobreviver ao cancro na primeira pessoa

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A Liga Portuguesa Contra o Cancro e o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) realizaram as Jornadas “Vida Saudável depois do cancro”, nas quais abordou questões relacionadas com a nutrição, o exercício físico, a saúde mental e a literacia associada às doenças oncológicas.

O Tenho Cancro. E depois?, projeto editorial da SIC Notícias e do Expresso, uniu-se a esta iniciativa e transmitiu hoje – no facebook da SIC Notícias – a sessão intitulada “Dar voz aos sobreviventes e cuidadores”. Em palco estiveram os sobreviventes Bruno Duro, Teresa Neves, Beatriz Campos e Ana Bizarro, o cuidador João Ricardo e a pediatra do Serviço de Pediatria do IPO Lisboa e responsável pela Consulta dos Duros, Ana Teixeira.

Saiba quais são as principais conclusões da sessão:

O cancro não é uma sentença de morte. É preciso desmistificar e falar sobre as doenças oncológicas, sendo que vão ser cada vez mais frequentes, ainda por cima num país envelhecido e sabendo que a idade é o maior factor de risco para o seu aparecimento;

– O IPO de Lisboa realiza, desde 2007, a Consulta dos Duros. Este espaço serve para “seguir os nossos sobreviventes”, explica Ana Teixeira. A especialista identificou que existia uma lacuna no seguimento das pessoas que sobreviviam a um cancro e assume que, através desse acompanhamento, é possível melhorar a própria prática clínica;

– As consequências dos tratamentos podem implicar enjoos, queda de cabelo, aumento de peso, entre outros. É sempre difícil lidar com todas estas mudanças, mas em crianças ou adolescentes o impacto, sobretudo a nível psicológico, pode ser maior;

– Para João Ricardo é visível a escassa oferta de recursos humanos na área da saúde mental nas nossas instituições, não só para os doentes, como para os cuidadores. “O papel do cuidador é estar ao lado do doente sempre que possível”, explica o cuidador;

Existe ainda uma lacuna grande por parte das entidades empregadores no que toca ao apoio aos colaboradores que desempenham a função de cuidadores. “A minha empresa permitiu-me fazer isso e assumiu esse encargo, mas ao longo destes anos conheci outras famílias que não tiveram essa possibilidade”, explica João Ricardo;

– A oncologia é hoje mais personalizada e é possível tratar melhor a um menor custo;

A família e os amigos são um suporte fundamental em todo o processo, dizem os sobreviventes;

É importante manter as rotinas o máximo possível durante os tratamentos. Continuar a estudar e a fazer desporto são alguns exemplos que mantêm a mente ocupada;

“A música permite-nos expressar os nossos sentimentos através de sons”, diz Bruno Duro, que encontrou nesta arte o seu refúgio e a sua força, acrescentado que é fundamental ser resiliente e fazer o que médico aconselha;

– Para a sobrevivente Teresa Neves, a natação foi o seu escape. Apesar de ter sido amputada – devido aos cancros pelos quais passou quando tinha 6 e 9 anos – tornou-se atleta de alta competição, integrando a seleção nacional de natação adaptada. “Dentro de água sentia-me igual aos outros. No desporto que eu fazia, não ter pé não era uma barreira”, conta;

– Já Beatriz Campos recorreu à dança para ultrapassar os momentos mais difíceis. Apesar de sempre ter praticado, um osteossarcoma na tíbia com posterior amputação de um membro, obrigou-a a parar. Mas a pausa foi temporária porque, logo que pôde, regressou. “Não ter um membro não nos incapacita de nada, eu até faço mais do que fazia antes”;

– Aos 33 anos, Ana Bizarro foi diagnosticada com um cancro de mama. Após dois anos de tratamentos, a sobrevivente deu um novo rumo à sua vida: deixou de ser empregada de balcão e ingressou na Universidade de Coimbra para se formar em desporto. Segundo conta, aproveitou aqueles dois anos para investir no seu desenvolvimento pessoal e nesse sentido deixa um conselho a todos os que poderão estar a passar por um diagnóstico de cancro: “Aproveitem a viagem para se conhecerem, porque daí virão novas escolhas e novas oportunidades. Hoje sou feliz e realizada porque decidi fazer o que me apaixona de verdade”.

Assista, abaixo, ao resumo das Jornadas “Vida Saudável depois do cancro”.

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