Saturday, November 23, 2024

Ashi vai desenhar fardas da tripulação da Riyadh Air enquanto planeia grande desfile de alta costura em Paris

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Traduzido por

Helena OSORIO

Publicado em



3 de jun. de 2024

Mohammed Ashi, o couturier da Arábia Saudita, fundador da marca Ashi Studio, foi escolhido para desenhar o vestuário da tripulação de voo da Riyadh Air – uma nova companhia aérea de classe mundial da Arábia Saudita, com sede em Riad – ao mesmo tempo que espera realizar um grande desfile de alta costura em Paris, em junho.

Mohammed Ashi – Courtesy

 
A ligação assinala mais um marco para a nova companhia aérea do reino, cujo objetivo declarado é “combinar alta moda sensacional e design notável com funcionalidade antes do seu voo inaugural em 2025”.
 
Financiada pelo Fundo de Investimento Público (PIF), a gigantesca autoridade estatal, a Riyadh Air planeia estabelecer novos padrões de serviço ao cliente e estilo, revolucionando a aviação através de uma mentalidade digital e atenção aos detalhes.

“É uma grande honra colaborar com a Riyadh Air para desenhar a primeira linha de moda para a tripulação de voo da companhia aérea, que desempenhará um papel importante no futuro da Arábia Saudita, tornando Riad um dos principais destinos do mundo. Estou encantado por fazer parte de um projeto tão importante para a nossa nação… Estou ansioso por partilhar a linha de moda da tripulação de voo com o mundo e por ver a equipa da Riyadh Air a usar as minhas criações quando fizer o seu voo inaugural em 2025″, afirmou Ashi, fundador e diretor criativo do Ashi Studio.
 
Em 2023, Ashi tornou-se o primeiro couturier da região do Golfo a juntar-se à Fédération de la Haute Couture et de la Mode (FHCM) em Paris como membro convidado, mostrando uma coleção aclamada na capital francesa.

 “É um momento de enorme orgulho para a Riyadh Air estar a trabalhar com um designer excecionalmente talentoso como Mohammed Ashi para a nossa bela linha de moda para a tripulação de voo. A nossa tripulação personifica a elegância e o estilo que a Riyadh Air representa, pelo que é imperativo estabelecer uma parceria com um inovador com a mesma opinião, que não só compreenda a cultura e a hospitalidade da Arábia Saudita, como também capte a essência da nossa marca com um impacto visual arrojado”, informou o diretor executivo da Riyadh Air, Tony Douglas.
 
Nascido em 1980 na Arábia Saudita, Mohammed Ashi mudou-se para os EUA quando foi para um colégio interno aos 13 anos em Burlington, Vermont. Antes de completar um mestrado em Marketing na NYU.

“Encontrava-me em Nova Iorque quando aconteceu o 11 de setembro, que foi muito chocante. Estava na rua a caminho da escola. Depois disso, fui para Paris, altura em que disse à minha família que queria estudar Moda, e ficou chocada. O meu pai protestou: ‘Este é um trabalho de mulher na Arábia Saudita'”, recorda Ashi durante um café no seu estúdio e atelier da Avenue Hoche.
 
Depois de lhe terem cortado a maior parte do dinheiro, Ashi sustentou-se a si próprio. Felizmente, a resistência da família acabou por diminuir há nove anos, quando a sua maison começou a chamar a atenção e a ganhar tração.

Ao deixar a América, estudou nas escolas de moda Esmod Paris e Esmod Beirute, antes de se formar em 2004. Depois disso, fez um “bom estágio de um ano em Paris com Riccardo Tisci na Givenchy”. Antes de se juntar a Elie Saab, onde passou três anos a ajudar a abrir a loja de pronto-a-vestir do estilista libanês, viajando de um lado para o outro entre o Líbano e França.
 
Nessa altura, abriu a sua própria maison em Beirute, em 2007. Desenvolvendo lentamente a sua marca, em 2013, foi descoberto pela grande Franca Sozzani, já falecida, quando a editora da Vogue Itália o convidou para a Vogue Talent a fim de mostrar o seu trabalho contracenando com os frescos do mestre pintor Giambattista Tiepolo, em Milão, alimentando e reconhecendo o seu talento.
 
“Franca levou-me a fazer pronto-a-vestir”, recorda Ashi, embora após a sua trágica queda em 2016 tenha voltado a dedicar-se à alta costura. Além disso, com o aumento das tensões políticas entre a Arábia Saudita e o Líbano, Ashi acabou por regressar a Paris, onde abriu um pequeno atelier no 9.º Arrondissement, “acompanhado pela minha máquina de costura”.
 
O seu primeiro verdadeiro desfile foi no Ritz, em 2019, pouco antes da crise de Covid-19, o que obrigou Ashi, como tantos outros, a começar a apresentar vídeos. Mas, após vários pedidos, em junho passado, a FHCM aceitou Ashi como Membre Invité. O que lhe permitiu desfilar no calendário oficial de alta costura da FHCM, um feito notável e inédito para um couturier do Golfo.

Croqui ilustrativodasfardas da tripulação da Riyadh Air,porAshi – Courtesy

“Tenho uma história para contar. Uma história de romance negro. Um momento triste pode tocar-nos mais do que um momento feliz. Provavelmente, inspirei-me um pouco no Riccardo, especialmente porque estava nesse registo de humor quando trabalhei com ele”, disse Ashi, quando lhe pedimos para definir o seu ADN. “É mais uma questão de transmitir emoções do que de dar vida a um vestido. Não chamo vestidos ao que faço, são objetos”, riu-se.
 
A partir de 2015, começou a ter um enorme impacto nas passadeiras vermelhas, quando Eva Longoria vestiu Ashi para os Grammys. O próprio deslocou-se a Los Angeles para fazer as provas. Mais tarde, Lady Gaga e Beyoncé tornaram-se fãs.  
 
Não se considera um estilista do Médio Oriente, mas um cidadão do mundo, adaptado a qualquer cidade onde vive. Ainda assim, em outubro passado, Ashi encenou um triunfante desfile de regresso na Riyadh Fashion Week, o desfile de abertura da temporada de estreia, apresentando as suas formas voluptuosas numa paisagem rochosa feita à medida, no exterior da Biblioteca King Fahad.
 
“Foi um momento de moda para mim. Mas, sabe, os meus primeiros clientes foram sauditas, quando eu vivia em Beirute! Nessa altura, falávamos em inglês e nem sequer sabiam de onde eu era”, sorriu Ashi, que visita Riad uma ou duas vezes por ano. Atualmente, Ashi é um verdadeiro pioneiro no mundo árabe, aclamado por ser o primeiro couturier do Golfo a entrar no mundo rarefeito da alta costura parisiense.

“Foi um grande acontecimento no Golfo, nos jornais e no TikTok. Teve um grande impacto quando foi anunciado que eu tinha sido aceite pela Federação Francesa. A minha família também ficou satisfeita”, lembrou Ashi.
 
O próximo passo é um desfile no último dia da semana da alta costura, na manhã de quinta-feira, 27 de junho, no Musée de la Monnaie, nas margens do Sena, perante 250 convidados.
 
“Será a minha maior coleção, 40 looks. E a coleção mais expressiva”, adiantou Ashi, que abrirá novos caminhos com vestidos pretos de mulher fatal feitos de tecidos macios de gelatina de folha de bananeira; ou vestidos de ráfia e tafetá esculpidos no seu estilo efervescente.
 
Antes do lançamento dos uniformes completos para o outono. Uma coleção aérea da Ashi concebida para garantir que a tripulação de voo da Riyadh Air não só tenha uma aparência impecável, como também se possa sentir confortável e possa prestar um serviço inigualável, profissional e de primeira classe aos seus clientes. A mais recente expressão da rivalidade sem fim entre a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, uma companhia aérea concebida para se posicionar acima da Emirates. A competição continua, vestida por Ashi, bien sûr.
 

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