Friday, November 22, 2024

Farfetch: análise dos rumores sobre saída da bolsa

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Traduzido por

Estela Ataíde

Publicado em



29 de nov. de 2023

As ações da Farfetch têm enfrentado dificuldades nos últimos dois anos e meio, mas na terça-feira dispararam. No entanto, o salto não se deveu a resultados impressionantes por parte da empresa, mas sim a informações de que o fundador José Neves pretende tirá-la da bolsa.

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Então, o que aconteceu exatamente para despertar o interesse pelas ações?

O jornal britânico The Telegraph  reportou no início da noite (horário do Reino Unido) que se acredita que Neves esteja em conversações com “banqueiros e principais acionistas, que incluem a Richemont, proprietária da Cartier, relativamente um acordo que colocaria um abrupto ponto final na sua curta, mas calamitosa passagem pela Bolsa de Valores de Nova Iorque”.

A notícia indica também que a Richemont ofereceu apoio provisório a este plano, assim como outro grande patrocinador, a gigante chinesa Alibaba.

A Bolsa de Valores de Nova Iorque ainda estava em pleno modo de negociação naquele momento e o preço das ações disparou.

Relatório de resultados cancelado

O jornal avançou ainda que o plano de José Neves de tirar a empresa da bolsa “poderá ser anunciado em breve”. Mas, como a empresa deveria anunciar os seus resultados do terceiro trimestre na noite de quarta-feira, o único comentário que fez foi que “não anunciará os seus resultados financeiros do terceiro trimestre de 2023 e não realizará a sua teleconferência anteriormente agendada para 29 de novembro”, acrescentando: “A empresa espera fornecer uma atualização de mercado no devido tempo. A empresa não fornecerá quaisquer previsões ou orientações neste momento, e quaisquer previsões ou orientações anteriores não deverão ser consideradas.”

A Richemont está envolvida?

E a Richemont? Inicialmente, a empresa manteve-se em silêncio, mas na manhã de quarta-feira o grupo de luxo emitiu um comunicado que não confirmou a reportagem.

A empresa, que em 2022 acordou vender a Yoox Net-A-Porter à Farfetch, disse: “Após as recentes reportagens e anúncios feitos pela Farfetch a 28 de novembro de 2023, a Richemont gostaria de lembrar aos seus acionistas que não tem obrigações financeiras para com a Farfetch e observa que não prevê emprestar ou investir na Farfetch. A Richemont está a monitorizar cuidadosamente a situação, incluindo a revisão das suas opções em relação aos acordos com a Farfetch anunciados a 24 de agosto de 2022, que permanecem sujeitos a determinados termos e condições pendentes. Nem a Richemont Maisons nem a YNAP adotaram atualmente as soluções da plataforma Farfetch e continuam a operar nas suas próprias plataformas. A Richemont fará um novo anúncio se e quando for apropriado.”

Farfetch

Percurso como empresa cotada em bolsa

Há cinco anos, as ações da Farfetch flutuavam originalmente na Bolsa de Valores de Nova Iorque a pouco menos de 19 dólares cada, e registaram alguns altos e baixos antes de subirem para mais de 73 dólares cada em fevereiro de 2021. Mas, têm estado numa trajetória descendente desde então – caindo visivelmente depois da empresa anunciar a aquisição do New Guards Group, uma vez que a propriedade da marca era considerada muito mais arriscada do que o original modelo de marketplace  sobre o qual foi fundada.

E as ações caíram para 1,65 dólares na terça-feira, antes de saltarem para 2 dólares cada devido à especulação de saída da bolsa. Claro que ainda se trata de um valor muito baixo e dá à empresa um valor de mercado inferior a 750 milhões de dólares, bem abaixo de algumas das elevadas avaliações que alcançou durante 2021.

José Neves fundou a retalhista digital em Londres há 15 anos e, embora a sua participação na empresa seja de apenas 15%, a estrutura acionista de duas classes da empresa significa que tem 77% dos direitos de voto, pelo que está claramente no controlo do negócio.

O que levou às dificuldades das ações

O seu período instável como empresa cotada em bolsa deveu-se às perdas contínuas do negócio e – como mencionado – à aquisição de outras marcas. Embora seja um interveniente extremamente importante no retalho da moda de luxo, a sua estratégia de expansão nem sempre correu conforme o planeado, como demonstrou a sua mudança e afastamento da beleza.

Embora os investidores sejam muitas vezes muito indulgentes com as empresas em modo de crescimento que ainda registam prejuízos, parecem ter perdido a confiança na capacidade desta em particular de reverter a situação em breve. No entanto, a Farfetch continua a ser uma das principais retalhistas de luxo do mundo, sendo proprietária algumas das principais marcas de moda, e a ideia de que José Neves preferiria afastar-se do brilho da bolsa de valores faz muito sentido. Teremos apenas que esperar para ver.

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