Os jornalistas estão esta quinta-feira, 14 de março, em greve contra os baixos salários, a precariedade e a degradação das condições de trabalho. Há mais de 40 anos que não havia uma greve geral no setor. Há várias manifestações marcadas pelo país.
Da 00:00 às 24:00. Do papel à televisão, passando pela rádio e pelo digital. É para todos. 14 de março é dia de greve geral de jornalistas.
Além das exigências laborais, os jornalistas portugueses dizem-se desapoiados. Na União Europeia, Portugal é dos países em que ‘per capita’ menos apoios há para a comunicação social, destacou o presidente do Sindicato dos Jornalistas há dois dias.
Os profissionais em protesto exigem, por exemplo, aumentos salariais superiores à inflação, garantia de salário digno à entrada na profissão e progressão na carreira, pagamento de complementos por trabalho por turnos e isenção de horário, pagamento por horas extraordinárias, trabalho noturno e em fins de semana e feriados, o cumprimento “escrupuloso” do Código de Trabalho e do Contrato Coletivo de Trabalho.
Além disso, pedem condições “humanas e materiais” para o exercício da profissão, a “justa remuneração” a quem cumpre estágio obrigatório e a sustentabilidade financeira do jornalismo.
“Um jornalista que não consegue pagar as contas ou ter um mínimo de estabilidade no emprego é um jornalista condicionado no exercício do seu trabalho”, diz o Sindicato dos Jornalistas.
Desde 1982 que não havia uma greve geral de jornalistas. A paralisação foi aprovada por unanimidade, no 5.º Congresso dos Jornalistas, em janeiro.
Manifestações pelo país
Os jornalistas vão sair à rua pelo país. Em Coimbra vão concentrar-se às 09:00. Para o 12:00, estão marcadas manifestações no Porto, na praça Humberto Delgado, e em Ponta Delgada, nos Açores, no Jardim Antero de Quental. Já em Lisboa, o protesto é a partir das 18:00, no Largo Camões.
O sindicato espera uma “adesão muito forte” à greve que diz ser um “grito de alerta”.
“Há um momento em que temos de fincar o pé. Esse momento chegou”
O Sindicato dos Jornalistas considera “lamentável” que, nos 50 anos do 25 de abril, um “pilar fundamental da Democracia esteja tão ameaçado”. Para o presidente do sindicato, o jornalismo precário “não é jornalismo livre”.
Em quarenta anos, desde última greve de jornalistas, o setor “perdeu direitos, espaço e autonomia”, sinaliza ainda Luís Filipe Simões.
“Há um momento em que temos de fincar o pé. Esse momento chegou. É aqui e agora. A 14 de março, paramos”.