Sunday, November 24, 2024

Portugal Fashion: Alexandra Moura, Huarte, Hugo Costa e Maria Gambina

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21 de mar. de 2023

A Fashion Week portuense encerrou as portas da Garagem Fiat, no sábado (18 de março), apresentando ao longo da tarde três vultos portugueses do streetwear, e um espanhol, que destacamos, desde veteranos a mais novos​ talentos. São eles, por ordem de entrada na passerelle: Maria Gambina, Alexandra Moura, Huarte e Hugo Costa.

Maria Gambina – Foto: Helena Osório / FashionNetwork.com

Os desfiles abriram às 15 horas em ponto com Maria Gambina, cumprindo o horário do programa, e apresentando a sua coleção “Blues” para a estação de primavera-verão 2023/24, não escondendo o gosto particular pela música.

Aliás, uma tendência já habitual desde 1993, ano da criação da marca de Maria Cristina Lopes, que é afinal o nome real da estilista de Oliveira de Azeméis que elegeu o Porto como habitat, associando-se então a bandas emergentes como os GNR, entre outras.

Maria Gambina – Foto: Helena Osório / FashionNetwork.com

Vestidos ou saias abertos com machos, folhos e em viés, ajustados e largos, cingidos ou não na cintura, contracenam com camisolas coloridas ou blusas finas de gola subida como aquela a antever o umbigo com mangas a três quartos évasé.

Há ainda muitas riscas e xadrez nos looks maioritariamente esgalhados a azul que brinca com o blue(s) do nome da própria coleção. Mas também o branco e cinzento, ou mesmo preto, marcam presença despertados por um laranja e verde fortes que se aliam a tons solares e da natureza. Ao mesmo tempo que a um estilo revisitado dos anos 1940-50.

Maria Gambina – Foto: Helena Osório / FashionNetwork.com

Destacam-se ainda os chinelos pretos calçados por elas e também por eles, que surgem com looks masculinos aparentados aos das mulheres, mas de calções e unhas pintadas de preto, evocando um “no gender”.

Segue-se Alexandra Moura, entre o clássico e o desportivo, numa coleção que faz uma autêntica serenata à chuva, começando pelo som que inunda a Garagem Fiat tão bem escolhida para os desfiles desta edição do Portugal Fashion. Fica o elogio à organização.

Alexandra Moura – Foto: Helena Osório / FashionNetwork.com

Alexandra Moura aposta num tecido florido romântico, em explosão de flores e cores sobre fundo preto antracite, onde parece ir buscar as tonalidades de muitas das peças de vestuário desta coleção para o outono-inverno 2023/24. Se bem que a maioria incida em tons de cinza, ou de azul e castanho claros secos, rematados por um verde garrafa meio desmaiado. Algumas riscas e violeta também para homens.

As novidades estão noutros tecidos como aquele plastificado ideal para looks noturnos, visto num longo vestido justo aberto abaixo dos joelhos ou nos conjuntos, como aquele de camisola até meio da coxa (tão justa que franze no esticar de movimentos) com calças compridas terminadas em boca de sino; e num outro com blusa e saia amplamente franzidas amenizada por grande gabardina quase clássica.

Alexandra Moura – Foto: Helena Osório / FashionNetwork.com

Sem esquecer a presença de outras tantas matérias elásticas que permitem franzidos e cortes finos e inusitados a meio do braço, na dobra do cotovelo, bem como algumas transparências – mormente aquela túnica preta sobre malha básica branca, a qual foi cosida com costuras marcantes e drapeada como uma teia de aranha. 

Um sem fim de silhuetas onde não faltam igualmente folhos atravessados no corpo ou nos braços que marcam a anatomia feminina, cortes e aberturas invulgares; capuzes e lenços delicados evocando também os anos 50 e indo muito mais longe no desenrolar da coleção; ou calçado exclusivo com saltos quadrados ou redondos transparentes, levando laços quase desfeitos na biqueira ou calcanhar. 

Alexandra Moura – Foto: Helena Osório / FashionNetwork.com

A seleção de materiais marca efetivamente a diferença na obra de Alexandra Moura amiga do ambiente. Tudo isto numa coleção plena, intitulada Creio, que segue o ADN da marca e a própria vontade e essência da mentora que lhe dá o nome a não esquecer: Alexandra Moura.

Por sua vez, a etiqueta portuguesa Huarte do espanhol Victor Huarte radicado em Portugal desde 2017, também designer de moda masculina da marca Salsa Jeans, apresentou no Portugal Fashion a sua coleção Clássico para o outono-inverno 2023/24, levando o púrpura e azul forte, ou laranja, como a combinação perfeita e ousando minissaias por cima de calções em modelos masculinos que se vestem sem género. Numa questão de gosto. Também com apontamentos de vermelho e tonalidades neutras.

Huarte – Foto: Helena Osório / FashionNetwork.com

Desta feita, o próprio nome “Clássico” encaminha para um sentido oposto. É que mesmo partindo de qualquer clássico, as silhuetas divagam por um universo incomum, saltando dos looks masculinos para os femininos numa igualdade justa. E, a grande velocidade.

Como confessa o próprio Victor Huarte, num post do Instagram: “Nos dias que antecedem a apresentação raramente consigo dormir pensando nos últimos detalhes e na logística da quantidade de coisas que têm de ser organizadas ao mesmo tempo. São dias muito intensos, com muita carga de trabalho e em que só penso que passa rápido e que no final tudo acaba bem. Mas aí acontece, e o desfile durou 6 segundos mas para mim pareceram 10 segundos e o último modelo já está a voltar e nem deu tempo de tocar a última música. Peço sempre que caminhem rápido, com atitude, que se sintam seguros de si, mas na realidade o que eu gostaria é que fossem bem devagar para que nunca acabasse”, explica melhor a questão do andamento.

Huarte – Foto: Helena Osório / FashionNetwork.com

De novo “o denim passa a ser o esqueleto da coleção: tingidos, texturados e com construções novas que, junto com outras qualidades mais leves como tules e malhas mais finas, buscam balançar a coleção”, antecipa uma nota de programa. 

Os tricotados surgem como acessório a peças funcionais e não apenas. Alguns cachecóis são também usados como acessórios que ganham grandes bolsos e franjas. Decotes em bico de camisolas são virados para as costas. Macacões, gabardinas, blusões curtos a mostrar o umbigo neles e nelas, grandes coletes de riscas largas pendendo por cima de camisas clássicas como trompe l’oeil, entre outros curtos e mais justos. Enfim, um jogo divertido e prático de terminologias.

Huarte – Foto: Helena Osório / FashionNetwork.com

“Obrigado mais uma vez a todos os que tornaram isto possível, à @portugalfashion @monicaneto pelo apoio, pela oportunidade e pelo esforço de realizar 4 dias de espetáculos em tempo recorde – e a todos os profissionais que trabalharam para o conseguir; às equipas de cabelo e maquilhagem; ao @cravo.paulo por sempre virar tudo que eu tinha na cabeça e fazer dar certo; a Isabel Branco; para a equipa de bastidores; aos fotógrafos; aos patrocinadores; às minhas colegas da Salsa Jeans e em especial à Sarita, Lurdes e Maria; aos meus amigos e claro aos meus, à família, que já há alguns anos vem sempre onde estou para me dar um abraço quando mais preciso. Estou com sorte”, pode ainda ler-se a título conclusivo, no referido post, em @huartebrand.

Quase como um remate final ao sucesso!

Hugo Costa – Foto: Carlos Costa

Por fim Hugo Costa, já a anunciar a noite, marcando com um dos desfiles que contou com grande afluência de público, apresentou uma coleção diversificada para a estação de outono-inverno 2023/24, com base em tons neutros e denim, apontada com rosa velho e verde seco.

Arriscando igualmente nas tipologias do guarda-roupa masculino e num ou noutro material texturado e padronizado, Hugo Costa levou-nos numa viagem por fatos inspirados nos clássicos, desde grandes casacos e calções a calças compridas também avantajadas. Todos macios ao toque.

Hugo Costa – Foto: Carlos Costa

Entre os looks mais desportivos destacamos aquele fato de treino com dois grandes bolsos no peito e calças a arrastar pelo chão, assim como o conjunto de ganga desfiada com calções, entre muitos outros incluídos numa das maiores coleções que pisou esta passerelle.

O estilista português que se estreou na Paris Fashion Week masculina em junho de 2016, com o apoio do Portugal Fashion, projetando-se além-fronteiras, mostra-se mais forte do que nunca, dando ao homem conforto e diferença sem lhe retirar a masculinidade.

Hugo Costa – Foto: Carlos Costa

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